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terça-feira, junho 21, 2005

Jean Claude Fitoussi, um economista da moda,

e presidente do Observatório Francês da Conjuntura Económica (OFCE) disse-nos a semana passada em Lisboa no Instituto Franco-Português numa palestra sobre o “choque tecnológico e a estabilidade financeira” que “a grande diferença entre a Europa e os Estados Unidos da América é que estes são governados enquanto “a Europa é o único "país" do mundo sem governação”.
A procura da “Justiça Social” um valor intrinsecamente europeu constitui, no contexto da globalização, um obstáculo à eficácia económica, absolutamente ao contrário do entendimento neoliberal americano da Economia, que sub-estima a democracia e a politica, e para o qual as pessoas equiparadas às empresas (repare-se no trabalho precário a recibo verde) são unidades descartáveis depois de usadas (por vezes, nem isso,,,). Quanto à construção de uma Europa por empreiteiros, como se esta se tratasse de um qualquer parque temático de Orlando, Jean Claude chegou semanas atrasado p/exemplo a este meu “post” para cuja leitura não é, aliás, remunerado.
Fitoussi, na sua obra “A Democracia e o Mercado” (Edit. Terramar 2004), tinha-nos brindado com uma citação de Marx lembrando-nos que “ a combinação da democracia e do capitalismo é, uma forma intrinsecamente instável de organização da Sociedade que é mais a forma politica da revolução da sociedade burguesa do que a sua forma de vida regular”, recordando-nos igualmente que Schumpeter não andou longe de dizer o mesmo, mas por outras razões: “O capitalismo, se permanece estável economicamente e mesmo se ganha ainda mais estabilidade, cria, ao racionalizar o espírito humano, uma mentalidade e um estilo de vida incompatíveis com as suas próprias condições fundamentais, com as suas instituições profundas e as instituições necessárias à sua sobrevivência. Transformar-se-á, não por necessidade económica e mesmo pagando o preço, provávelmente, de alguns sacrifícios em termos de prosperidade e de bem-estar, numa entidade diferente, que poderemos ou não baptizar de Socialismo, segundo o gosto que se aprove e o vocabulário que se aceite”, limpando-se de seguida da visão autocrática da evolução para o socialismo na obra de Hayek “O Caminho para a Servidão” (Edit. Teorema 1997) eudeusando o Mercado como o melhor dos sistemas pelo que o regime politico se lhe deveria subordinar. Esta foi aliás a filosofia-tecnológica que nos honrou em ter um espécime como Santana Lopes como Último-Ministro ou ter o actual clone de sinal xuxialista como Primeiro.
Trocando por miudos: a Democracia só se enraiza e sobrevive nos paises ou regiões que já tenham atingido um nível elevado de Desenvolvimento e de Educação e, por outro, o de que uma vez instalada, a Democracia tem custos em termos de perspectivas de crescimento futuro. É esse preço que a maioria dos Franceses está disposta a pagar para construir um modelo de mundo sustentável, e os próceres pró-americanos NÃO estão!,,, prosseguindo na sua bárbara cruzada de arregimentar novos campos que lhes permita o crescente “desenvolvimento” selvático de que tiram proveito as suas minorias apoiadas no complexo financeiro-politico-militar.

Wim Duisenberg no mesmo colóquio em Lisboa (que concorrido que isto anda desde que a nossa “inteligenstia” é sócia dos yankees) reiterou a irreversibilidade do Euro, ao mesmo tempo que o BCE lhe continua a baixar o valor para competir com as exportações do Eixo do IV Reich em condições mais favoráveis, enquanto a maioria dos alemães defende já abertamente (56%) o retorno ao Marco.
Áh!, já me esquecia: Fitoussi afirmou que "a Agenda de Lisboa é pura retórica"!

"Take thou the guilt of conscience for thy labour" ("Assume o peso na consciência pelos actos que cometes!")
Shakespeare: "Ricardo II"

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