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quarta-feira, agosto 31, 2005

Paulo Morais

Um obscuro nº 2 do PSD, afastado das listas eleitorais, ao não ser repescado para se recandidatar á Câmara do Porto, resolveu botar a boca no trombone em entrevista à revista Visão, denunciando ter sido “pressionado, enquanto foi vereador do Urbanismo, por membros do actual e dos anteriores governos, partidos,,,etc, sofrendo pressões de todo o tipo”. Recusou-se porém, como é habitual neste tipo de oportunistas quando ficam apeados, a revelar nomes em concreto. “Nomes e Projectos ficam reservados para as minhas memórias” acrescentou o jovem Paulo Morais.
Em discurso directo respigamos da entrevista:
- “ Se os vereadores do Urbanismo são os coveiros da democracia, os partidos são as casas mortuárias”
- “Existe uma preocupante promiscuidade entre diversas forças politicas, dirigentes partidários, famosos escritórios de advogados e certos grupos empresariais”
- “Os vereadores do Urbanismo que, pelo país fora, aceitam transferir bens públicos para a mão daqueles que dominam de forma corporativa os partidos estão a enriquecer pessoalmente e a destruir a democracia”
- “Chumbámos o prédio proeza, do BPI, que seria um mamarracho numa zona de vivendas; o projecto para a Quinta da China, da empresa Mota&Companhia, que visava a construção de outros dois mamarrachos em cima do rio Douro, entre a ponte D. Luis e a ponte do Freixo; um edificio com 13 andares da empresa Ferreira dos Santos, quase em cima da praia do Ourigo; um edificio no Parque da Cidade da empresa Rodrigues Gomes, para o qual recebi pressões e cunhas de dezenas de pessoas, da forma mais ostensiva, incluindo a nivel governamental; um edificio do Grupo Amorim na zona de Campanhã,,, enfim, talvez possamos ficar por aqui”,,,

A gravidade das acusações levou Maria José Morgado a comentar que “mais dia menos dia haverá um “mensalão” à portuguesa”, insistindo na necessidade de implementação de um programa de combate efectivo à Corrupção. Mas como?,,, se cada vez mais “há uma viscosidade cada vez maior em certas zonas da vida politico-partidária portuguesa que se torna cada vez mais dificil de aceitar por quem é honesto”?
O próprio Paulo Morais conclui – “falo de subversão da democracia porque o Urbanismo é na maioria das câmaras a forma mais encapotada e subreptícia de transferir bens públicos para a mão de privados” sustentando que “os maiores financiadores das campanhas e dos partidos são os promotores imobiliários e os empreiteiros” com o objectivo de “obterem contrapartidas” e desfere um violento ataque aos poderes corporativos, aos partidos e seus dirigentes: “Quando as Corporações tomam o poder dentro dos partidos e estes se organizam como bandos de assalto ao Poder, os dirigentes são marionetas ao serviço dessas Corporações”
Nada portanto que constitua novidade, nem diferente do que afirmámos faz semanas, AQUI,,,

Corrupção - Uma luz no fundo do túnel?

Esta problemática não é exclusivo nacional e de há muito deixou de ser um caso de policia, tornando-se num problema de Regime, pelo que, neste e em muitos outros casos concretos, a “intervenção” do DCIAP no campo criminal se revelará inconsequente.
A promiscuidade de interesses entre os partidos e os seus patrocinadores financeiros, que tem como palco o Estado (e nomeadamente, no nosso caso, o elo mais fraco que é a gestão dos Fundos Públicos pelas Autarquias), é exemplarmente exposta por Noam Chomsky no seu ensaio “O Estado e as Corporações”
Que fins poderá perseguir o Estado quando não passa de um mero actor entre outros de igual dimensão, ou em muitos casos, de menor dimensão do que as grandes Empresas supra-nacionais?

No arquipélago planetário do Crime Financeiro em que o mundo se transformou, combater o polvo da Corrupção é desmascarar o Liberalismo e o modo inviável social-democrata de produção capitalista que actua em exclusivo explorando e corrompendo as periferias, no perigoso conflito de negação de Direitos de Cidadania que é o Totalitarismo Neoliberal.
“À mão invisível foi agora calçada uma luva de ferro que, para além de lhe restringir a Liberdade, a torna finalmente numa entidade designável e susceptível de ser expressa e abertamente orientada” (AMH)


http://www.infoshop.org/octo/index.html

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