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quinta-feira, setembro 29, 2005

O próximo “Crash” Imobiliário


Portugal tem cerca de 10 milhões de habitantes, mas tem um parque habitacional construido que chega para alojar 25 milhões de pessoas. Implementa-se artificialmente a procura com publicidades miríficas em função da oferta exagerada. E continua-se a construir em massa, porque a “indústria” da Construção Civil é o motor de uma economia atrasada e sem outras qualificações alternativas, que emprega, de forma precária, os excedentes de mão de obra tambem não qualificada.É, para alem disso, uma importante fonte de receita para o Estado (e Câmaras Municipais) sob a forma de contribuições e impostos.(a 3ª actividade no PIB)
Constrói-se em excesso relativamente às necessidades, porque se trata literalmente de enterrar em tijolos e canalizações os excedentes de acumulação capitalista que não se conseguem rentabilizar a curto prazo noutro tipo de investimentos. Os edificios da presente bolha expansiva Imobiliária são monos plantados a prazo para futura especulação imobiliária, na vã esperança de que a crise possa ser vencida. Mas tal como a “nova economia virtual das novas tecnologias”, apoiada em acções das “dotcoms”com valores ficticios super-inflacionados ruiu nas Bolsas no ano 2000, tambem a bôlha imobiliária, para onde esses valores em fuga se transferiram, acabará por ter uma estrondosa derrocada.
A crise económica provocada pelas politicas neoliberais vai durar, em Portugal, no mínimo mais três anos, e já se começaram a fazer sentir as baixas de preços no mercado. Nos restritos nichos do turismo o panorama não é diferente: espera-se que a crise acabe nos centros capitalistas da Europa e Estados Unidos (onde as taxas de juro terão fatalmente de subir) na esperança da vinda de imaginários turistas abastados que criem ilhas de riqueza no meio do desordenamento geral do território, entulho e estaleiros como imagem de marca do país, mas também aí as perspectivas continuam a ser de regressão. Há excesso de oferta de habitação e alojamento, muitos prédios e empreendimentos construidos que não se conseguem vender, e muitos vendidos com empréstimos cujos compradores se vão declarando insolventes à medida que a crise se agrava. A banca, actualmente de facto o maior senhorio e proprietário do país, será arrastada na queda, e com ela, toda a economia.
A partir dessa situação será uma óptima altura para se começar a empregar os termos “desconstruir” e “requalificar” em vez de constuir e massificar – com novos estudos, novos produtos em prol de um Portugal genuino e não abastardado pela especulação, enfim, em beneficio de todos em vez de beneficiar as parasitárias minorias do costume.

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