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sábado, novembro 26, 2005

O golpe continuou a 26 de Novembro e por aí fora,,,

A Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) criticou ontem a “generalidade da imprensa no caso do arrastão de Carcavelos. Segundo a AACS “os media deveriam ter assumido publicamente o seu erro e formulado um pedido de desculpas à opinião pública em geral e às comunidades de raça negra e de emigrantes em geral em vez de praticamente omitir ou menorizar o desmentido da Policia às descrições iniciais”. É sempre assim – uma mentira difundida com grande impacto mediático inicial para servir fins predeterminados e depois o silêncio e a segregação. É assim, a golpes de mentiras, que se constrói a opinião pública das massas amorfas. Enquanto as verdades que interessam ficam submersas num oceano de futilidades e fait-divers absolutamente irrelevantes servidas em catadupa. A nova Censura é assim,,,
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Um estado dentro de outro Estado – era assim que era vista a Instituição Militar antes do 25 de Abril em Portugal



o 26 de Novembro ainda não acabou:

“O Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Valença Pinto, quis fazer do 30.º aniversário do 25 de Novembro de 1975 - quando morreram três militares na luta entre facções do ramo - um dia de "unidade e paz entre tropas do Exército e dos Comandos". Para a exibição pública de coesão interna, num momento de imposição de reformas às Forças Armadas, só convidou o general Ramalho Eanes - "como representante de todos os militares" envolvidos naquele combate político-militar. O coronel Vasco Lourenço contactado, mostrou irritação "Estranho que não convidassem quem esteve a comandar [as forças moderadas] como n.º 2, a seguir ao Presidente da República e CEME" Costa Gomes”.(DN 26/11/2005)

Si Vis Pacem, Para Bellum?

O golpe militar de 25 de Abril de 1974 não incomodou particularmente os poderes instituídos, nomeadamente as estruturas da NATO ou o Regime da Ditadura de Franco aqui ao lado em Espanha. A figura do General Spínola tranquilizava-os totalmente. As lutas do povo português levadas a cabo pela emancipação das classes mais desfavorecidas, haveriam de arrastar o MFA a radicalizar essas exigências, e aí a situação mudou, com a Espanha a apoiar abertamente a criação do grupo terrorista ELP, a inventona da célebre “matança da Páscoa”, os movimentos independentistas na Madeira e Açores, enfim a contribuir activamente para desestabilizar o país. A intenção do golpe de Direita que repusesse a normalidade (mas agora muito convenientemente que parecesse democrática) de antes do 25 de Abril, esteve sempre presente.
O mito de golpe de Esquerda em que assentou o golpe de Direita em 25 de Novembro de 1975 já vinha sendo construído desde pelo menos a Reunião da NATO de 30 de Maio onde ficou decidido destribuir armas por organizações civis conotadas com o Partido Socialista. As decisões politicas eram tomadas então em Assembleias Populares dentro das Forças Armadas. Pela primeira vez o Poder sentiu que podia ser posto em causa na disputa pela escolha entre uma “Democracia de raiz nacional própria construída sobre Bases Populares” (que pela primeira vez em séculos poria em causa as desproporcionadas hierarquias da Instituição Militar em Portugal) e a “Democracia Parlamentar Burguesa” em que se apoiam os regimes conotados com a exploração Imperialista. O papão acenado, no auge da disputa entre os dois blocos hegemónicos, era o de que Portugal se transformaria na “Cuba da Europa” (o que era um autêntico susto para os interesses americanos, nomeadamente no petróleo de Angola que já então exploravam em exclusivo),,, como se nas democracias nórdicas não houvesse instituições de base institucionalizadas que controlam eficazmente as cúpulas politicas por forma a que estas não possam decidir pondo em causa os interesses do Povo, ou seja – o interesse Nacional de facto, e não como figura de estilo para o discurso retórico de politicos e militares que servem tudo menos isso. O caso dos soldados Mercenários envolvidos nas guerras do Iraque e do Afeganistão (antes no Kosovo),,,
prova isso mesmo – que esse envolvimento só serve para que o país pobre e desprovido de recursos que somos, sustente em mordomias uma despropositada e numerosa hierarquia militar de generais e altos cargos (em “Guerra Permanente”) que vivem faustosamente à custa de um povo depauperado.

* relacionado: "Canhões e Capitalismo" por Robert Kurz
* "Alternatives To Permanent War" in "Human Rights Now"

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