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segunda-feira, dezembro 26, 2005

"Um país torna-se decadente quando já não reconhece os seus males, nem aceita os seus remédios." - Victor Hugo

A pretensa lógica comercial que leva à deslocalização e ao fecho das fábricas é a mesma que está no origem do encerramento das esquadras de Policia – trata-se de tudo reduzir e submeter às meras questões economicistas.
Como em tudo o resto (*) o fenómeno não é exclusivo português, mas apenas o resultado de pressões para aplicação de medidas que são estranhas aos nossos problemas nacionais ou regionais.
No dizer crítico de um antigo funcionário da Comissão Europeia, José Pereira da Costa, “o problema central é que Portugal e a Europa não produzem o suficiente para manter o modelo social europeu e, portanto, há que abandonar as pessoas à sua sorte e deixar o número de pobres crescer como cogumelos, como acontece nos Estados Unidos, bem ilustrado recentemente na Luisiana e no Mississipi”
Num livro agora traduzido entre nós – “Alta Policia, Baixa Politica” Hélene L`Heuillet interroga-se:
Como é que a Policia é utilizada pelo Poder? Qual a sua função? Deve a Policia ser um instrumento nas mãos da Politica?,,, Estas são questões tão velhas quanto o mundo, já colocadas por Platão ou Proteu inerentes a toda a história social e a que séculos de história ainda não conseguiram responder.
A autora, professora agregada na Universidade X de Nanterre aborda este tema a partir de várias perspectivas. Na primeira parte aborda o problema dos meios auxiliares da politica e da acção das Policias como segredo do Poder. Na segunda parte trata da Ordem na Cidade e da Policia como forma de Autoridade e como geradora de Violência. Finalmente reflecte sobre o olhar que mantem a ordem, a instância de suspeita e o principio da inspecção e da identificação.

Que "Ordem" defende a Policia?

* Enquanto, por exemplo, a General Motors (Industria) encerra dezenas de Fábricas e acaba com milhares de postos de trabalho, a General Motors Investimentos (uma empresa Financeira autónoma) obtem os maiores lucros de sempre.
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sobre “A Ditadura das Finanças” outro autor, François Chesnay da ATTAC explica como o poder econômico se separou e distanciou do sistema produtivo:
“Houve um processo de acumulação de capital e poder fora do sistema produtivo, desde os anos 1970. Este deu-se pela acumulação por meio de títulos, que é o resultado da esterilização do sistema produtivo. Uma parte dos lucros deixa de se destinar à produção, e é redirecionada para a especulação financeira, onde é remunerada pelos juros. O mecanismo acaba sendo institucionalizado, tamanha é a massa de poupança. O capital é gerado no sistema produtivo, mas acumula-se efectivamente em instituições como fundos mútuos ou de pensão. Os detentores de títulos exigem juros elevados, como no caso dos títulos de dívidas, ou dividendos, se possuem acções. Por meio de um conjunto de mecanismos, o dinheiro, que saiu do sistema produtivo e que se acumulou fora dele, cria e mantém mecanismos de captação de mais dinheiro, proveniente do sistema produtivo”e sobre qual é a função do capital acumulado que não irriga o sistema produtivo diz Chesnay:
“Os efeitos dessa acumulação são todos negativos. Para financiar a produção, há sistemas mais simples, como o crédito bancário, principalmente se a taxa de juros for controlada pelo Estado. Além disso, não é necessário existir mercado financeiro para haver investimento. Durante décadas, nos países europeus, o crédito era garantido por bancos estatais ou pelo sistema bancário privado, em condições em que a taxa de juros era cuidadosamente controlada. Os mercados financeiros não dão retorno para a economia. As suas instituições só são receptivas aos interesses dos accionistas em maximizar os dividendos.

* a ler: “Fábrica encerrada é Fábrica ocupada!”

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