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terça-feira, outubro 10, 2006

A educação para lá do “desenvolvimento”

Hoje, a educação, cada vez mais subordinada à racionalidade económica dominante, ocupa um lugar central nas políticas sociais, mas o optimismo deu lugar à frustração e à incerteza.





Rui Canário,
no "Noticias da Amadora"

As mutações económicas e sociais do último quartel do século XX amplificaram o sentimento de desencanto com a escola, afectando de forma particular a juventude, para quem o prolongamento dos percursos escolares, concomitante com a desvalorização dos diplomas e a rarefacção dos empregos, transformou os sistemas educativos em gigantescos parques de estacionamento para a população juvenil. A retórica sobre a “educação ao longo da vida” e o crescimento quantitativo das ofertas de formação (de carácter recorrente e profissional) passaram a funcionar como uma máquina de distribuição de ilusões: o investimento individual na formação e o mérito de cada um seriam os garantes da sua “empregabilidade” e de um futuro de sucesso.
A incerteza que pesa sobre o conjunto dos assalariados repercute-se, por um lado, no aumento dos níveis de tolerância à injustiça e, por outro lado, no aumento dos níveis de sofrimento que afectam os jovens (a incerteza impede que se façam planos para o futuro), os que trabalham (sujeitos a ritmos e níveis de exploração que recordam os primórdios da industrialização) e a legião de assalariados condenados a uma inactividade forçada, por via do desemprego (“solução” que viabiliza o “emagrecimento” das empresas e o seu aumento de competitividade).
A educação não é um instrumento para viver, mas sim uma maneira de construir a vida. Por isso, o pensamento e as práticas educativas não podem dissociar-se de escolhas que, no contexto actual, se orientam para um projecto social baseado no ter ou no ser. Como escreveu Ivan Illich (1971) cada homem precisa de saber se opta pela riqueza material e por possuir cada vez mais objectos ou se prefere a liberdade e a autonomia de os utilizar.
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