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sexta-feira, outubro 13, 2006

Guerra da Coreia part II ou o regresso do Dr. Strangelove

«I do think the North Koreans have been, frankly, a little bit disappointed that people are not jumping up and down and running around with their hair on fire», Condoleeza Rice ao "The Wall Street Journal"

"A República Democrática da Coreia não é o Iraque. Quando o Império ameaça o que eles dizem ser a “Coreia do Norte” esquecem as maiores pretensões dos coreanos (do norte e do sul):
- a conquista do direito a um clima de Paz,
o livre acesso à tecnologia nuclear para efeito de auto-suficiência energética e,
- a reunificação pacífica da Península Coreana,
onde, depois da Guerra da Coreia (1952-9953) dos americanos contra o Comunismo, se construiu a fronteira mais militarizada do planeta; um "muro de berlim" sem fim previsivel, ainda que não exista inimigo à vista.
Salvo quando se negoceia com o “inimigo” (Clinton tinha prometido vender-lhes (!) uma Central nuclear), qualquer pequena economia de regime planificado está sempre condenada a ser vilipendiada e banida por inconveniência ao “livre desenvolvimento do mercado” - parece contudo de descartar a hipótese de um ataque yanque, ainda que cirúrgico, que poria em perigo Seul e Tóquio. Logo, o polémico alarido que surgiu em tudo o que é órgão de info-propaganda social ocidental tem outro destinatário: a República Islâmica do Irão – outro empecilho no caminho dos empreiteiros da guerra nas obras em curso no Médio Oriente.


Pese embora o esforço dos cruzados da calúnia, estas têm um efeito boomerang engraçado no lado de cá – não passou um dia que não rebentasse um escândalo em Itália com mais de 50 deputados confessando ser viciados em crack, que levou à proibição de transmissão de um programa de televisão – e quanto a corrupção e tráfico de Armamento em Portugal estamos conversados:


"Outra vez a Coreia?"

* diz Wilfred Burchett na reportagem sobre a Guerra da Coreia que: «…sobre Pyongyang, em 11.7.52, revelou a Associeted Press se largaram 870 toneladas de bombas, 43.000 litros de “napalm”, 650 foguetões e que foram ainda disparadas 50.000 descargas de metralhadoras e canhões», o que traduz uma simples mas terrível amostra da mortandade e destruição efectuada pelo exército americano na Coreia, onde após a guerra «… a Coreia era um país destruído por completo – e no sentido mais literal da expressão. Quando a guerra deflagrou, a cidade de Pyongyang contava com 400.000 habitantes; no fim da guerra, havia dois edifícios intactos! Ainda lá se encontram hoje, como peças de museu». A destruição, na Coreia, atingiu de facto níveis inimagináveis, ao ponto de no final da guerra, um general americano ter afirmado que seriam necessários cem anos para reconstruir o país». Enganava-se redondamente! Passados dez anos, a Coreia renascia das cinzas e o povo coreano lançou-se na reconstrução das cidades, das fábricas e da capital, Pyongyang, transformando-a na agradável, calma e laboriosa cidade que é hoje, onde a par de inúmeros equipamentos desportivos e culturais, se desenvolvia, no ano 2000, a construção de mais um vasto, impressionante e moderno complexo habitacional. É um facto que a proliferação de armas nucleares deve ser travada. Mas os EEUU possuem-nas em grande quantidade, a Rússia, o Paquistão, Israel, a China, a França, igualmente, a Índia efectuou este Verão o “seu primeiro teste com um míssil com capacidade nuclear” e isto parece um facto normal, talvez porque «este novo míssil tem um alcance de mais de 3.000 quilómetros, podendo atingir alvos tão longínquos como Pequim ou Xangai». Será só uma questão de “alvos possíveis”??? - ou seja, todos podem – quase todos! – já que alguns – Irão e Coreianão podem sequer avançar na procura de fontes de energia, em princípio para fins pacíficos! (ler artigo completo aqui)


Foi lançado ontem em Lisboa um livro de reportagem do jornalista Ricardo Alexandre da RDP, que passou 3 semanas em Teerão e nos traz em "O Irão Nuclear" uma visão diferente do que é a realidade daquele país. Episódios como aquele em que entrevista uma feminista iraniana que, questionada sobre a liberdade da mulher, nos diz que as mulheres fumam e não andam cobertas por véus e que, apesar de certas restrições consentidas de carácter religioso, os crimes de violência doméstica não atingem metade dos valores que se verificam em Portugal.
Apesar do clima desmistificador do livro, caucionado pela presença no lançamento do jornalista Adelino Gomes, o prefácio escrito por Jorge Sampaio revela-se tendencioso nas “boas intenções” mormente quando se deixa tentar por aconselhamentos em tom paternalista à “teocracia iraniana”, nos capítulos dos “direitos humanos” da “liberdade das mulheres” e na “democratização do regime”. Que diria qualquer português de entendimento mediano se o presidente de 68,6 milhões de Iranianos se atrevesse a aconselhar os nossos bravos 10 milhões de cidadãos a dar uma valente vassourada na corrupção, na manipulação mediática da iliteracia, enfim, no economicismo que preside à definição de politicas nos bens essênciais de uso público que deveriam ser de igual acesso para todos? – e com que estranho ascendente se sentirá Jorge Sampaio para que este pequeno país de que foi presidente da República se arrogue a ter uma importância na cena internacional assim tão desmesurada relativamente à sua efectiva dimensão?

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