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terça-feira, outubro 03, 2006

A Ideia da Luz

“Acendo a luz num quarto escuro; é um facto que o quarto iluminado já não é o quarto escuro, que perdi para sempre. E no entanto: não será ainda o mesmo quarto? Não será o quarto escuro o único conteúdo do quarto iluminado? Aquilo que não posso ter, aquilo que, ao mesmo tempo, recua até ao infinito e me empurra para diante, não é mais que uma representação da linguagem, o escuro que pressupõe a luz; mas se renuncio a captar esse pressuposto, se volto a atenção para a própria luz, se a recebo – então aquilo que a luz me dá é o mesmo quarto, o escuro não hipotético. O único conteúdo da revelação é aquilo que é fechado em si, o que é velado – a luz é apenas a chegada do escuro a si próprio
Giorgio Agamben

A filosofia e os filósofos pós-modernos não levam em linha de conta factores relevantes que na sua retórica visionária lhes aparecem como meras figuras de estilo, desprezando-os. Neste caso, o acto de “acender a luz” pressupõe a existência de um interruptor e energia para fazer chegar a luz através destes elementos ao enigma. Na verdade, o que se despreza é o trabalho e os recursos materiais necessários para produzir a luz. Não interessa se é ficticio ou não, mas com a extraordinária quantidade de dinheiro à solta para arrebanhar, o Trabalho virou um valor cagativo.

,,, já Benjamin Franklin, quando se começaram a fabricar as primeiras lâmpadas, se desculpava, textualmente: - “nestes assuntos de iluminação sinto-me completamente na escuridão” – efectivamente, a Revolução Industrial, cujo modo de produção ficou desde logo aleatoriamente descontrolado segundo os cânones de expansão anglo-saxónicos, foi a primeira causa do esquecimento progressivo a que foram votados os valores do Iluminismo – que culminam no actual desprezo por esses mesmos valores.
Fujam que chegaram os yankees; o último a sair fica dispensado do incómodo de apagar a luz.

ou então,,, há alternativas!

a Economia Religiosa,ou a forma como o Judaísmo substituiu a vingança sobre os credores por uma indemnização monetária.

Karl Marx, em “o Capital”, analisou o modo como o dinheiro, à semelhança de outros bens, se transformara num fetiche, e a forma como o crédito, requeria as suas próprias crenças:
“O crédito público passou a constituir o credo do capital. E com o crescimento do endividamento nacional, a ausência de fé na dívida nacional, toma o lugar do pecado”
Hoje, o alargamento das transacções financeiras globais, just-in-time, com biliões e biliões a cruzarem as bolsas de hora a hora, de segundo a segundo, cria uma relação cada vez mais tensa, enquanto no balão não pára de entrar ar. Um bilião de dólares, à taxa de juro de 10%, rende várias dúzias de dólares por segundo, consoante quem está ao volante a guiar a Inflação acelera ou desacelera nas taxas em direcção a determinadas zonas”
As dívidas internacionais são programadas a longo prazo, por forma a garantir os seus reembolsos cada vez mais tarde.

Razão têm as novas gerações ao começarem a revoltar-se cada vez mais cedo. Há gente que ainda mal está a nascer agora e já está condenada a pagar a dívida externa do seu país até quando chegar a velho, e ainda a legá-la aos filhos e netos.

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