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segunda-feira, novembro 27, 2006

a "Esquerda" e a "Direita": que debate hoje?

pssst,, o da direita está envolvido em crimes contra a humanidade, junto com Bush, Blair e Aznar, todos passiveis de extradição e julgamento no Tribunal Penal Internacional. Não devias cochichar amigavelmente com ele, antes te devias indignar, óh tu! o que dizes que és de "esquerda"

o que diz Slavoj Zizek

“A ajuizar por critérios politicos tradicionais, não há dúvida de que vivemos hoje tempos estranhos. Observemos a figura paradigmática da extrema-direita actual, as milícias fundamentalistas milenaristas dos Estados Unidos. Não é verdade que se assemelham com frequência a uma versão caricatural dos grupos separatistas da extrema- esquerda militante dos anos 60? Estamos, em ambos os casos, perante a lógica anti-institucional radical: o inimigo último é o aparelho de Estado repressivo (FBI, forças armadas, sistema judicial) que ameaça a própria sobrevivência do grupo, organizado como um corpo extremamente disciplinado a fim de ser capaz de resistir a essa pressão. Encontramos o caso exactamente oposto quando vemos um esquerdista como Pierre Bourdieu defender a ideia de uma Europa unificada enquanto “Estado social” forte, “garantindo um mínimo de direitos sociais e a segurança social contra a ofensiva da globalização”: dificilmente nos abstemos de ironizar perante um intelectual de extrema- esquerda que se dedica a levantar muralhas contra o poder corrosivo global do Capital que Marx elogiou com a força que se sabe. Tudo se passa, com efeito, como se os papéis tivessem sido, hoje, trocados: os esquerdistas sustentam o Estado forte invocando o motivo de ele representar a última garantia das liberdades sociais e civis perante o Capital, ao mesmo tempo que a gente de direita demoniza o Estado e os seus aparelhos, apresentando-os como máquina de aterrorizar suprema...
O postulado subjacente a estas estranhas inversões é o facto de a “esquerda moderada” de hoje, de Blair a Clinton, aceitar silenciosamente a despolitização da economia – e por isso a única força politica séria que persiste em questionar a regra incontestada do mercado é a extrema-direita populista (Buchanan nos Estados Unidos, Le Pen em França). Quando Wall Street reage negativamente à baixa da taxa de desemprego, o único a afirmar a constatação evidente que aquilo que é bom para o Capital não é manifestamente aquilo que é bom para a maioria da população foi Buchanan. Ao contrário do velho adágio segundo o qual a extrema-direita diz abertamente o que a direita moderada pensa em segredo, não se atrevendo a formulá-lo em público ( a assunção aberta do racismo, da necessidade de uma autoridade forte e da hegemonia cultural dos “valores ocidentais”, etc), estamos a caminho de uma situação, portanto, em que a extrema-direira diz abertamente o que a esquerda moderada pensa em segredo, sem se atrever a formulá-lo em público (a necessidade de pôr um limite à liberdade do Capital).
A postura ideológica hoje predominante – o liberalismo multicultural e tolerante – participa em pleno nesta despolitização da economia; para o resumir em termos concisos, a tolerância multicultural É a ideologia hegemónica do capitalismo global. A oposição entre o fundamentalismo étnico- sexista- religioso e a tolerância multicultural , e, em última análise, uma falsa oposição: a neutralização politica da economia é o postulado comum aos dois extremos. A única via de saída deste beco, e o primeiro passo, portanto, a caminho de uma renovação da esquerda, é a reafirmação de uma crítica virulenta, fortemente intolerante, da civilização capitalista global”.






embora talvez involuntariamente, estamos a tentar ajudar os pobres (uma boa filosofia para enriquecermos ainda mais), mas as consequências talvez veham a ser outras bem diversas daquelas que inicialmente pensámos,,,

o filósofo "pós- moderno" Zizek incorre nalguns erros de avaliação:
1 - Refere uma "Esquerda" que: consente (é até conivente) com as prisões da CIA, com as congeminações do grupo Bilderberg, com a directiva Bolkestein, com os OGM, que não põe em causa Israel (antes colabora com a sua noção de "paz"), alinha alarvemente com o pacto de agressão da NATO, calou-se muito bem calada sobre o golpe anti-Chavez.(pobre esquerda),,, alguém acredita que quem advoga este tipo de politicas é a ESQUERDA?
2 - O Capital ao acabar com as fronteiras, deu apenas o primeiro passo no sentido de acabar de igual modo com as organizações politicas Nacionais (falidas, párias ou inoperantes, salvo para servir as Oligarquias) - ou seja, o Capital deu o primeiro passo para acabar com a organização politica do Estado conforme foi concebido no Tratado de Westfália, que, lembre-se, pretendia pôr um fim nos conflitos por motivos religiosos. Faz sentido acabar com este modelo de organização politica, um instrumento retrógado, agora quando o "Estado" serve apenas como capa para meia-dúzia de lideres energúmenos reacenderem conflitos entre religiões - enquanto esse mesmo Estado se pretende demitir das suas funções sociais, subjugando-se às empresas privadas.
3 - A contribuição filosófica moderna, não contaminada, para a renovação da Esquerda é a de Tony Negri - e a emergência da multidiversidade de comunidades locais como fontes de Poder democrático a partir das bases, que reportem a um governo mundial de Senadores cujo embrião é a ONU
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