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sábado, janeiro 13, 2007

“Terá sido Yasser Arafat assassinado?”

Publicou em Novembro de 2005 o “Le Monde Diplomatique” um artigo em que se questionavam as misteriosas condições da morte de Arafat – o jornalista palestiniano Amnon Kapeliouk, à luz dos novos dados contidos no livro de Michel Lafon “Ariel Sharon, Entretiens intimes avec Uri Dan” (2006) continua a desenvolver a questão:

“Yasser Arafat, presidente da Autoridade Palestiniana e da Organização de Libertação da Palestina (OLP) morreu há vinte e cinco meses, devido a causas que os médicos franceses que o trataram na fase final da doença não conseguiram explicar completamente. De tal forma que se colocam duas questões essenciais. Primeiro, se não se tratou de uma morte natural, por que meio foi assassinado? Depois, quem é o responsável por este assassinato?
O primeiro destes enigmas continua sem resposta, mas o segundo de facto deixou de o ser, graças àquele que há mais de meio século é o mais fiel, e talvez o mais intimo, amigo e admirador do general Ariel Sharon: o jornalista israelita (de Direita) Uri Dan.

Os palestinianos nunca duvidaram de que o primeiro- ministro Sharon tivesse morto o seu lider. Não tinha ele várias vezes manifestado vontade de liquidar o dirigente palestiniano? Não o tinha ele comparado a Hitler? Mas Uri Dan vai muito mais longe. Uma semana antes da morte de Arafat, a 4 de Novembro de 2004, o jornalista havia já contado ao diário Maariv que, a 14 de Abril do mesmo ano, Sharon anunciara na Casa Branca ao presidente George W. Bush que deixava de se considerar obrigado pela promessa feita três anos antes, em Março de 2001, de não tocar em Arafat.
No livro recentemente publicado, Uri Dan sugere abertamente que o amigo mandou liquidar o Rais: “Mal Sharon recuperou liberdade de acção, na sequência do encontro de 14 de Abril de 2004 com o presidente Bush, o estado de saúde de Arafat deteriorou-se. Transportado em Outubro para o Hospital Militar de Percy, em Clamart, morreu a 11 de Novembro. Só regressou a Ramallah para ser enterrado” (pag. 403). E põe os pontos nos “i”: “O meu artigo no Maariv começa desta forma: Ariel Sharon irá figurar nos livros de história como aquele que liquidou Arafat sem o matar” Farão as três palavras finais alusão ao método utilizado?
A liquidação de um presidente democraticamente eleito precisava de um acordo, pelo menos tácito, do presidente norte- americano. Ora, Uri Dan revela que Bush permaneceu impávido quando ouviu as palavras de Sharon sobre as intenções que tinha em relação a Arafat. “Sem dar a Sharon autorização para liquidar Arafat”, escreve, “também não procurou impor-lhe novos compromissos” (pag. 401). Mais um detalhe significativo. O tempo passa e Uri Dan pergunta ao primeiro- ministro israelita por que razão não faz nada em relação a Arafat: “Não o matamos, não o expulsamos. Ele goza então de imunidade absoluta?” – “Deixa-me resolver as coisas à minha maneira!”, responde o general. E Uri Dan acrescenta: “Coisa invulgar entre nós, ele pôs bruscamente fim à nossa conversa” (pag. 403).

Judeus, Cristãos e Muçulmanos, Edit Prefácio, 2005
"As tensões do mundo contemporâneo (e este livro refere, precisamente, uma grande e permanente tensão de agressões repetitivas) vão contribuindo para o redespertar progressivo do interesse pelas temáticas relativas ao destino ou à vocação transcendente do homem" (do prefácio)



Matar pela conquista de espaço vital voltou a ter a mesma ideia religiosa, sagrada, que presidiu aos tempos mais obscuros durante a Idade Média. É o progresso - desta feita, porque vem a par com a tecnologia, ainda mais negro.

(fonte: Al-Jazeera, via Palestina Libre)
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