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quarta-feira, setembro 05, 2007

"liberdade" de informar

O jornal da sonae faculta o púlpito a titulo gracioso a um leitor de Lisboa que redige uma carta ao director teologando sobre "liberdade". Contudo o tema que se pretendeu ver desenvolvido nada tem a ver com os factos em concreto. Apenas com a parte (parcialíssima) que lhes interessou publicar. Como veremos. O leitor dirige uma carta aberta a Sérgio Godinho, Janita Salomé e a Vitorino, incentivando-os a cantar a liberdade "em favor da libertação da deputada Ingrid Bettencourt, como sempre aliás o fizeram "no antigamente" - só que desta feita, aproveitando a sua disponibilidade para actuar na "Festa do Avante" o façam visando as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), organização que tem banca habitual montada no evento anual patrocinado pelo PCP. Nada mais. A ideia de liberdade acaba aqui. Nem uma palavra para o objectivo da acção das guerrilhas colombianas ser o de pretender desde sempre libertar as duas dezenas de reféns que mantêm em seu poder por cerca de 200 guerrilheiros presos pelo regime fascista de Álvaro Uribe - que tem a originalidade de "exportar" alguns desses elementos do Exército de Libertação da Colômbia detidos com a ajuda de forças para-militares de extrema direita, para os Estados Unidos para aí serem "julgados", como se fossem narco-traficantes. O que terão estes homens e mulheres das FARC, cada um por si, a menos que Ingrid Bettencourt para que a sua liberdade não deva também "ser cantada"?

Aliás, o mesmo jornal nos dois dias seguintes é obrigado pelos factos a contradizer a arenga. Afinal a guerrilha colombiana recebe de braços abertos a mediação de Hugo Chavez. Afinal parece que vai haver mais gente libertada, para além da deputada franco-colombiana, pela qual o presidente Sarkozy tem feito os máximos esforços possiveis, procurando capitalizar em seu proveito mais um grande feito com as implicações mediáticas previsiveis.

relacionado:

Ardinas da Mentira” de Renato Teixeira, ediç. Dinossauro
Ensaio baseado em duas experiências vividas pelo autor – os acontecimentos do G8 de Génova em 2001 e o trabalho na redacção de um dos jornais de referência do país – para avançar ideias sobre o estado dos meios de comunicação: a censura, na sua forma moderna, e a propaganda, na sua forma clássica. A abrir o livro, um texto de José Mário Branco que esteve na origem de algum debate sobre o actual estado dos média em Portugal.

a Informação como Arma de guerra: a Palavra que mata!

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