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domingo, janeiro 13, 2008

Marcuse e a legitimação do Poder pela tecnocracia

“O direito natural moderno tornou-se o fundamento das revoluções burguesas dos séculos XVII, XVIII e XIX, por meio das quais foram definitivamente destruídas as antigas legitimações da dominação”
Jürgen Habermas, in “Theorie und Praxis”

“Em meados do século XIX, o modo de produção capitalista tinha-se imposto de tal modo na Inglaterra e na França que Marx pôde reconhecer o marco institucional da sociedade nas relações de produção e, ao mesmo tempo, criticar o fundamento próprio da troca de equivalentes. Levou a cabo a crítica da ideologia burguesa na forma da economia politica: a sua teoria do valor-trabalho destruiu a aparência de liberdade com que a instituição juridica do livre contrato de trab alho tornara irreconhecivel a vilolência social subjacente à relação do trabalho assalariado. O que Marcuse critica em Max Weber é que este, sem atender à ideia de Marx, se apega a um conceito abstracto de racionalização que não manifesta, mas antes oculta de novo, o conteúdo típico de classe na adaptação do marco institucional ao progresso dos subsistemas da acção racional dirigida a fins. Marcuse sabe que a critica marxista já não pode aplicar-se ipsis verbi sem mais à sociedade tardo-capitalista que Max Weber tinha diante dos olhos; mas, tomando como exemplo a análise de Weber, quis mostrar que a evolução da sociedade moderna no marco de um capitalismo regulado pelo Estado (num longo processo económico pela intervenção do Estado) não pode compreender-se se, primeiro, não se tiver conceptualizado o capitalismo liberal”.
Desde o último quartel do século XIX, fazem-se notar nos países capitalistas avançados duas tendências evolutivas: 1) um incremento da actividade intervencionista do Estado, que deve assegurar a estabilidade do sistema e, 2) uma crescente interdependência de investigação técnica, que transformou as ciências na primeira força produtiva. Ambas as tendências destroem aquela constelação de marco institucional e subsistemas de acção racional dirigida a fins, pelo qual se caracterizara o capitalismo de tipo liberal. A tese fundamental de Marcuse, de que a Técnica e a Ciência cumprem hoje a função de legitimação da dominação, proporciona-nos a chave para a análise da constelação que foi alterada: a forma de acumulação e revalorização do capital em termos de economia privada só pode manter-se graças aos correctivos estatais de uma politica social e económica estabilizadora do ciclo económico construida a partir de mecanismos de evitação, eles próprios um fim em si mesmo destinados quase exclusivamente à perpetuação da dominação. Enquanto a crítica da “economia politica era, segundo Marx, uma teoria da sociedade burguesa só como crítica das Ideologias – na medida em que agora a fusão politica na macroestrutura da técnica e da ciência, a Tecnocracia, é ela própria uma Ideologia, a análise marxista mantém-se válida. E por isso, na medida em que a Tecnocracia já não reconhece e tenta ocultar, mais uma vez, a relação marxista entre Base e Superestrutura, a nova política de intervencionismo estatal exige uma despolitização da grande massa da população.

Estávamos nisto quando a prostituta mór do Reino (que o vendeu ao FMI via Frank Carlucci) se levantou agastada e resolveu mandar calar o lendário sindicalista Mouta Liz; mas o mais curioso e divertido é que o "Público" dá a notícia, encimada pelas fuças da 1ª suprema esfinge Tecnocrata, tratando o causador do "incidente" por "um participante" e "esse senhor",
não referindo expressamente o nome de Mouta Liz
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