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terça-feira, setembro 02, 2008

A confirmação da cabala

O Estado foi condenado a pagar indemnização a Paulo Pedroso. "A fundamentação do acórdão de condenação do Estado é baseada no preceito que indica que o Estado através do seu agente, o juiz Rui Teixeira, cometeu erros grosseiros, uma negligência grave na decisão que aplicou a prisão preventiva a Paulo Pedroso"

Se uns o tentam fazer agora, por quê
os outros não o teriam feito então?

O antigo ministro do Trabalho de António Guterres foi detido em Maio de 2003 no âmbito do processo Casa Pia e libertado cinco meses depois. Os danos causados à sua imagem de provável líder do PS na sucessão a Ferro Rodrigues são irreparáveis. Paulo Pedroso, que afirma que "processar o Estado se tornou um imperativo ético", vai receber 100 mil euros por danos morais e uma outra indemnização, por danos patrimoniais, de cerca de 30 mil euros garantindo que a decisão não chega para limpar o nome mas é uma lição para todos.

“Acabar a cear punhetas de bacalhau quando o meu desejo profundo era de bacalhau na brasa com batatas a murro foi a experiência que mais me marcou no contacto que mantive até hoje com o mundo colorido das escutas telefónicas”
Manual Tavares, revista Sábado

Altos negócios de Estado. O tom conciliatório de Pedroso compreende-se. O Ministério Público vai recorrer da sentença e no final, tudo passado dentro do famoso “segredo de justiça” haverá um qualquer acordo de conciliação entre as partes – o Estado paga, mas o Estado deveríamos ser (todos) nós, no caso apenas ouvidos e achados como contribuintes líquidos – indefesos, como meros espectadores que vimos o Governo de Durão Barroso forjar o golpe que erradicou o PS demo-liberal da cena politica portuguesa, permitindo o completo alinhamento do país com as estratégias Neocons da administração Bush.

A pergunta que desde então dominou os boatos políticos em Portugal é: são culpados ou vítimas de uma caça às bruxas? – o caso Casa Pia revela-se interminável e irá fatalmente desembocar no habitual beco sem saída.

Há cinco anos, o líder socialista Ferro Rodrigues defendia-se: “Quero deixar claro: a nossa luta será serena mas determinada e dirige-se – e sempre se dirigirá – contra os responsáveis por essa difamação, qualquer que seja o seu objectivo”
Os estrategas ideológicos do governo Barroso nem sequer foram originais na criação do “facto politico”. Enquanto o escândalo abala Portugal, pode ser oportuno rever a sua possível origem histórica, uma vez que os relatos portugueses recentes têm um som familiar: a ideia falsa da existência de uma rede de pedofilia ligada a um orfanato para fornecer garotos a políticos de alto escalão com a finalidade de os destruir teve origem na Grã-Bretanha em 1980 com relação ao albergue de menores trabalhadores de Kincora, em Belfast.

O juiz Rui Teixeira, que agora se cala frente às câmaras, teria muito a explicar sobre a estranha adaptação deste modelo feito em directo para as televisões quando subiu o elevador da Assembleia da República para notificar o porta voz parlamentar Paulo Pedroso. Era então ministra da Justiça em 2003 a militante do CDS Celeste Cardona (hoje como prémio vogal do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos) e o responsável pela Policia Judiciária que dirigia “as investigações” Adelino Salvado. Desde então a forma de fazer politica mudou radicalmente em Portugal. Há 8 anos que Barroso foi eleito, há 8 anos que Portugal entrou em crise (provocada). É também um facto que todas a vozes mais ou menos incómodas do Ps foram (saneadas) promovidas a exilios dourados: Ferro Rodrigues, João Cravinho, Manuel Maria Carrilho. Apesar das frases de circunstância de José Sócrates (eleito para líder pelo método americano) para com “a vítima”, a verdade é que a actual direcção do PS é decididamente uma mais valia como alternativa fictícia ao neocons
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