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quinta-feira, novembro 27, 2008

Mumbai e a Globalização

Mumbai é alvo de uma vaga de ataques por homens armados que serão, na sua maioria, de origem paquistanesa (diz-se). Chegaram com armas sofisticadas e organização militar visando sobretudo cidadãos Norte Americanos, Ingleses e Israelitas. Os locais atingidos são sobretudo hotéis de cinco estrelas (pejados de milhares de empresários e turistas ricos), a estação ferroviária principal que liga este centro financeiro ao resto do país, um hospital de luxo destinado especificamente a pacientes estrangeiros, a sinagoga e o centro Judaico na zona sul da cidade e diversos restaurantes e lojas luxuosas, como a Louis Vuiton.















O assalto coincide com o Thanksgiving, o Dia de Acção de Graças que é feriado nos EUA, observando um dia de gratidão a Deus (Elokim em hebraico, ou 3D para os clientes de Arquitectura); a festa celebra-se neste dia com orações pelos bons resultados ocorridos durante o ano; sinal de prosperidade, é também uma data fatídica para milhões de perus, literalmente grelhados em conjunto com outros milhões de miseráveis sub-humanos um pouco por todos os cantos do planeta.

A presidente da Câmara de Madrid, Esperanza Aguirre militante do Partido Popular de Aznar, era uma das diligentes cabecilhas de um numeroso grupo de empresários, numa dessas típicas viagens onde se contrata mão de obra escrava, mas vendida de imediato nos grandes centros financeiros como sendo “criação de riqueza”. Valendo-se de helicópteros e do avião privado do governo de Zapatero (deslocado propositadamente) Aguirre já conseguiu hoje tomar tranquilamente o pequeno almoço em casa. Cenas semelhantes ocorreram com outro numeroso grupo de Parlamentares Europeus.

Well, its thanksgiving, mas aqui não se consegue dar graças a nada. E se ligarmos as duas cadeias únicas que difundem noticias “a sério” na Europa (a CNN e a BBC) tudo isto “é o mesmo Terrorismo, o mesmo Terrorismo de sempre”: os mortos e feridos são trágicos (de facto), as congeminações sobre a autoria dos atentados são perspicazes e eruditas, sobra-nos apurar quantas vezes por minuto os repórteres, experts e enviados especiais introduzem a sigla Al-Qaeda por minuto na cobertura dia e noite dos ataques à Indía construindo uma história de medo decisiva para o futuro do resto da humanidade – ou seja, para quem não viu, este é o evento mais importante desde a chegada do homem á Lua.

O dia ontem começou com a notícia que os governantes dos Estados Unidos despejaram outro Trilião de dólares para tentar deter o desastre em câmara lenta do comboio financeiro, o qual ao cair na ribanceira fará colapsar todo o sistema financeiro mundial. Passadas menos de 24 horas cá está a história: “é o mesmo Terrorismo de sempre” (ver uma das amostras de TV)

uma mão lava a outra

O que seria feito do futuro do “Terrorismo” se não tivesse a CNN e a BBC (e as nossas arraias miúdas) para bombar significados? Não existem já evidências suficientes que demonstrem que a “Al-Qaeda” é definitivamente uma criação da CIA? Mas continua a prevalecer apenas a opinião dos atentados desta empresa ficticia, criada pelo secretário de Estado Brezinski, agora conselheiro especial do presidente Obama, cujo secretário da Defesa é o mesmo de Bush, o ex-director da CIA Robert Gates, envolvido na criação da Al-Qaeda no Afeganistão nos anos 80,

mas são "os outros terroristas" quem ocupa exclusivamente o panorama mediático em sessões contínuas.
O pivot da BBC na Índia entrevistava ontem à noite o chefe da Segurança em Mumbai:
“Isto é muito significativo não é?/Sim, muito/E isto mostra o mais alto nível de sofisticação de sempre na Índia, não mostra?/ Sim, de facto/ E isso é uma causa de preocupação profunda para todo o mundo porque indica que os terroristas desenvolveram um alto nível de sofisticação e eficácia a atingir objectivos/ Sim, você tem muita razão” – como se vê o militar, não estraga o trabalho do repórter, limita-se a silabar interjeições confirmativas. E assim é por horas, horas e horas a fio, construindo a montanha do tamanho do Himalaya.

Mas a única história objectiva é que um grupo armado disparou sobre inocentes (mas não muito, embora a informação deturpadamente ponha ênfase nos que são mesmo inocentes), depois lançaram bombas e granadas e fizeram pessoas reféns.
Toda a história se resume a isto, porque o resto, que existe contestação social grave na Índia não interessa ao Terrorismo Real – que é este: o tal trilião de dólares impresso e lançado noutra acção fútil para apagar o incêndio, porque os triliões anteriores não tiveram qualquer eficácia. E lembremo-nos que são pipas de massa! – enquanto a administração Bush faz todo o possível para ocultar que a guerra do Iraque era em princípio uma empresa de 1 trilião de dólares, embora agora se pense que atinja entre três a cinco triliões; mas que diferença fazem, à velha moda antiga, alguns triliões despejados cirúrgicamente aqui ou acolá?

* relacionado:
o Dr. Vinay Rai, autor de 'Think India: The Rise of the World's Next Superpower and What it Means for Every American" fala sobre a corrupção dos negócios na Índia - ver video

* o Forum Social de 2004 em Mumbai: Contra a Globalização Imperialista e a Guerra
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