Pesquisar neste blogue

sábado, abril 04, 2009

um mundo gratuito?

Marx previu nos Grundrisse no capitulo intitulado “Fragmento sobre Máquinas” – um sistema produtivo que não necessitaria do trabalho humano; um sistema futuro em que a produtividade da tecnologia domina de tal modo o processo produtivo que o tempo de trabalho deixa de ser a medida da riqueza e a “produção baseada no valor de troca entra em colapso
Em geral Marx via a maquinaria sucintamente apenas como “meios de produção de mais valia”; ou seja, dito de outro modo, que certamente a tecnologia não seria usada para reduzir o trabalho em favor dos trabalhadores, mas sim para optimizar a sua exploração. Salvo que no século XIX seria imprevisível o facto que a tecnologia nas mãos dos capitalistas servisse como ferramenta para deslocalizar a mão de obra da produção daquilo que o chamado mundo ocidental usa e consome para a China e outros países da periferia, Marx acertou em cheio no ponto onde estamos: tomados em linha de conta pela nova burguesia transnacional, apenas como consumidores, os homens tornaram-se meras peças da engrenagem tecnológica que os oprime. As máquinas (o capital fixo segundo Marx) já não são apenas uma conjugação de tecnologia e conhecimento compostas por órgãos mecânicos e intelectuais - adicionalmente são também órgãos sociais associados ao “intelecto geral” que coordenam e controlam a classe trabalhadora. A novidade é que o “capital fixo” de Marx já não é apenas absorvido pelas máquinas, mas também pelo conhecimento e habilitações de forças produtivas integradas num sistema de "intelecto social" - a tese é de Paolo Virno.
.

Sem comentários: