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terça-feira, junho 30, 2009

Revivendo o Passado dos Lideres na Caixa Geral de Aposentações

O que há em comum entre Marques Mendes, Almeida Santos, Ferreira Leite e Narana Coissoró? São todos figuras de proa dos principais partidos do sistema, mas haverá algo mais que os aglutine na concordância? sim, é a reforma, estúpido!

das cenas de estupro
de in-out em riste no filme de Kubrick

Assim que chegou aos 50 anos de idade e mal completou com 20 anos os descontos como Deputado em 2007, Marques Mendes apresentou requerimento para receber a Pensão a que tem direito, no valor vitalício de 2.905 euros mensais, integrando assim o leque das opções politicas (a precisar de reforma) que nos são “trabalhadas pelos media” para votação
Não fazemos parte da troupe - um trabalhador normal tem de trabalhar até aos 65 anos e ter uma carreira contributiva completa durante 40 anos para obter uma reforma de 80% da remuneração média da sua carreira contributiva.


"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas..."
in "Pátria", Guerra Junqueiro, 1886

É evidente que, quem paga o lauto pão de ló das nossas élites é a cada vez mais espoliada classe média, não por acaso em extinção acelerada. Lógico, quanto mais pagarmos mais depressa iremos à falência. E a situação agravar-se-á quando o próximo governo decretar o aumento de impostos e do custo de vida em geral para pagar o desmesurado défice que está actualmente a ser construído. Partindo do caso concreto das reformas milionárias, de entre muitos outros, estamos numa encruzilhada - depois do colapso das lutas da classe operária por via da deslocalização da mão de obra e da falência das actividades das suas organizações, o passo seguinte é a falência deliberada da classe média para cortar custos para que se possam manter as mordomias da classe dominante.

A professora catedrática da Universidade de Berkeley Elizabeth Warren teorizou o colapso no livro “The Two Income Trap: Why Middle-Class Mothers and Fathers Are Going Broke” e em “The Vanishing Middle Class”. Warren que é uma jurista com experiência em “programas de investimento público-privados (PPIP) afirma que a grande história do centro capitalista, a América, se construiu sempre em redor dos mesmos designios: a bancarrota, ou seja, a morte e renascimento do sistema financeiro: “Somos uma nação de devedores” (na fonte de origem deste gráfico compara-se a evolução do rendimento, poupanças, obrigações e o endividamento da classe média na década de 1970 e em 2003). "Porque é que pensam que o povo nas grandes vagas de emigração deixou a Europa e veio para os Estados Unidos?" continua Warren, "Fugiram porque eram devedores. Nós adoramos descrever isso como “óh, foi acerca de liberdade religiosa”, mas não!, teve a ver com o Endividamento. Toda a gente procura escapar-se ao cumprimento das dívidas contraídas” para sustentar os senhores da terra, os donos do mundo ou simples parasitas assalariados do viciado discurso politico a metro.

(o video de uma intervenção de Elizabeth Warren sobre este tema, infelizmente apenas disponivel em inglês, pode ser visto aqui. 57min.37seg.)
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segunda-feira, junho 29, 2009

“Tudo o que rodeia Obama está podre!”

nas televisões soam os zumbidos dos mensageiros da noticia que “a crise vai durar alguns anos”; lê-se o nobel Paul Krugman (na obra de 1999) “o Regresso da Economia da Depressão e a Crise Actual” e, sem novidade, acha-se tudo normal, excepção feita a um certo clima de banditismo que paira no ar ao abrigo de uma estranha sensação de impunidade,

Hoje em dia tem vindo a ser recorrente apresentar a acção governativa de Franklin Delano Roosevelt como um modelo para Obama. Uma das frases chave da era de falências generalizadas que precedeu a aplicação do programa do New Deal versava as actividades dos grandes Banqueiros que subrepticiamente minavam todo o aparelho do Estado (para não exagerar, não se diz da “democracia” que os EUA nunca foram, excepto nos sonhos dos fundadores). Com a economia e a banca praticamente tomadas de assalto por grupos de gangsters e com as instituições a limitarem-se gerir as consequências, o homem de rua inquiria: “Quem é que precisa da Máfia quando temos o Congresso?" – é muito oportuno lembrar isto, agora quando Nassim Taleb, o autor do sucesso de vendas “O Cisne Negro” afirma taxativamente que “Tudo o que rodeia Obama está podre!”, o que aliás não é nenhuma descoberta: mantendo-se a mundivisão capitalista não poderia ser de outro modo! – para ler no IOnline: "O verdadeiro Madoff é o sistema financeiro”

Thriller

“Há quem se recorde que depois dos Estados Unidos terem entrado na II Grande Guerra, o presidente Roosevelt que era popularmente conhecido pelo “Doutor New Deal” (traduzindo livremente, “Novos Negócios”, “Novas Oportunidades”) se começou a auto apelidar mais apropriadamente de “Doutor-Ganha-a-Guerra”. O seu propósito era, através de uma metáfora, deixar claro ao homem de rua certas mudanças de política que eram requeridas pelas novas circunstâncias. Mas a figura de estilo na retórica realmente foi mais fundo do que ele pretendia. O doente capitalismo norte-americano estava realmente muito enfermo. Nos últimos dez anos do “Doutor-Novo-Negócio” os “Novos Contratos” mantiveram-no vivo, mas não por muito mais tempo. O Doutor Ganha-a-Guerra fez muito melhor, ou pelo menos aparentou fazê-lo; e quando ele se retirou de cena em 1945 parecia que uma completa e pacífica retoma tinha sido encontrada. Mas não por muito tempo. Em meia dúzia de anos o “Doutor Guerra-Fria” tomou o comando e sacrificou os métodos do seu predecessor. O resultado de novo pareceu bom – por um breve período de tempo. Mas estamos agora a chegar ao ponto onde cada vez mais pessoas podem ver que os remédios administrados pelo “Doutor Guerra-Fria” a longo prazo matam mais que a cura. Virá o tempo em que um novo “Doutor” será preciso. Afortunadamente, ou desafortunadamente, só há um disponível nas redondezas, o nosso velho amigo Doutor-Novo-Negócio, que não tem encontrado emprego desde 1941”

Leo Huberman e Paul M. Sweezy, há 50 anos, na edição de Junho de 1959 da Monthly Review
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domingo, junho 28, 2009

a Máfia, a Banca e o Sucesso na Indústria mediática (1929-1946)

Francesco Rosario Capra, nasceu em Bisacquino, uma pequena comunidade na Sicília, no seio de uma família analfabeta e depois de mais uma mirabolante fábula em torno do sonho americano chegou com seis anos de idade a Los Angeles, onde viria a ficar mais conhecido como Frank Capra

Em 1932 Capra era já um cineasta de renome em Hollywood e a América vivia no auge das consequências da Grande Depressão. A redenção mediática visando relançar a esperança da gente comum nos homens do Big Money só chegou através da guerra, mais concretamente no pós-Guerra, em 1946 na versão de filme de natal da Liberty Films da RKO personificado em “It's A Wonderful Life”, (uma obra que não fez parte da lista de filmes da minha vida de João Bernard da Costa) que pode ser traduzida por “Esta é uma vida maravilhosa, intitulado entre nós de “Do Céu Caiu uma Estrela”. No zénite da história, a obra de Capra reporta a um Anjo à beira de uma ponte que evitou que George Bailey (Jimmy Stewart) se suicidasse (em dialecto religioso, “evitou desprezar o seu maior bem divino”) quando teve de enfrentar a bancarrota do seu banco, mas romanticamente alguém ouviu as preces da filhinha “por favor Deus, algo de mal está a acontecer com o paizinho”. Deus ouviu-a e apareceu na forma de um velho mendigo. Linda, esta é a obra prima por excelência para caguinchas lacrimejantes. A estória é tão convincente e as analogias com a época actual tão evidentes que Tom Hanks pretende empochar uns trocos a fazer de "frank capra" da nossa geração.

o leit-motiv é recorrente em Capra: George Bailey (Jimmy Stewart)
enfrenta a falência do banco em “It's A Wonderful Life”

Num breve intervalo, podemos interromper o mundo maravilhoso deste pequeno intróito e fazer um desvio para um obscuro jornalista português, de seu nome António de Sousa Duarte que em 2007 meteu os pés a caminho e rumou à Sicília à descoberta das origens italianas de Capra. Chegado a Bisacquino descobriu com surpresa que “poucas ruas ao lado da casa onde nasceu Francesco Capra, estava a antiga morada de um ilustre padrinho da Máfia: Dom Vito Cascio Ferro (1862-1943) - uma coincidência como aconteceu aliás com tantas outras, como na vilória de Corleone onde o ítalo-americano Francis Ford Coppola descobriu Dom Vito e o imortalizou, com conhecimento de causa e extrema veracidade na saga de o Padrinho.

Sousa Duarte “passou um mês a falar com os vizinhos” e que fez ele com o material reunido? Concluiu que “Dom Vito Cascio nunca se tinha cruzado com Frank Capra, apesar de terem partido para os EUA praticamente na mesma altura, os primeiros anos da década de 20” e daí foi ter com “o maior novelista ibérico vivo, o Capote português”, (nossa senhora da aparecida, esta gente não tem receio do ridículo?) com quem em parceria pariu o romance “O Sangue da Honra”, um evento ElCorteInglês profusamente badalado pela Rádio de Pernes. Claro que ninguém lê nem vai ler tal inanidade, porque se alguém pensa que vai aprender alguma coisinha com o previsível estilo light-televisivo (como em Júlia Pinheiro, Sousa Tavares, Rodrigues dos Santos ou similares) bem pode esquecer. Deste interregno, para lembrar é o porquê da data de 1932 que aqui aparece logo na introdução

A Loucura Americana

Em 1932 Frank Capra realizou American Madness (outra obra que não fez parte da “lista de filmes da minha vida” de João Bernard da Costa) cujo argumento gira, mais uma vez, em torno do intervalo entre a Grande Depressão e o New Deal.

Quando este filme foi realizado ainda o presidente Herbert Hoover estava em funções e ainda faltavam alguns anos para Franklin D. Roosevelt decretar as férias de encerramento forçado dos Bancos, (FDR's Bank Holiday) o acto legal que haveria de determinar a sua reestruturação. Até1939, ou seja, dez anos depois do inicio do crash de Wall Street, uma quarta parte deles, cerca de 5.000 bancos, tinham falido nos Estados Unidos e um quarto da força de trabalho estava no desemprego. A situação da generalidade da população era de desespero. Quando acabou a restricção às transacções bancárias comerciais e se adoptaram novas regras de regulação do negócio (Emergency Banking Act) apenas 1.000 Bancos tinham reaberto e sobrevivido.

Big Money against little people

Neste pano de fundo, o siciliano Frank Capra mostrou-se particularmente bom conhecedor da Máfia que geria os Bancos. Obviamente, tinham ligações aos grandes estúdios de Hollywood. Nesta cena de “a Loucura Americana” o presidente Thomas Dickson (Walter Huston) discursa à multidão durante uma corrida dos clientes ao seu banco, o “Union National Bank

Noutra cena famosa, Thomas Dickson, que tem 25 anos de bons e dedicados serviços no currículo, tenta convencer os Conselheiros da Administração do banco da necessidade de manter o dinheiro a circular em vez de o congelar, como a maioria dos membros tinha decidido. Eles querem que o presidente apresente a demissão mas ele recusa. Numa das noites seguintes o banco é assaltado e 100.000 dólares são roubados. O principal suspeito indiciado para pagar as favas é um alto funcionário sem escrúpulos que teria desviado verbas do banco para investir em jogo e que acabou por contrair uma dívida impossível de pagar. De facto o funcionário corrupto abriu a porta aos assaltantes do banco e recebeu uma comissão por este serviço (um “acto de gestão danosa”, como hoje se diria). Na passada, junto com empréstimos irregulares avalizados pelo Board of Directors o buraco já atinge os 5 milhões de dólares. No final o presidente, pelo meio de inúmeras peripécias de lealdade dos funcionários e autoridades supervisoras da “New York Trust”, acaba ele próprio por ser ameaçado de prisão e por ter de lutar simplesmente pelo emprego, vendo ameaçada toda a sua carreira e até o seu casamento está a beira da destruição. Note-se, estávamos em 1932, mas as semelhanças com a situação actual são impressionantes: “Se ninguém tivesse dado pelos “casos de polícia” (o pequeno roubo do funcionário X ou Y) no BPN e BPP (e já agora, em tempo, no BCP), para usar a célebre definição de Vítor Constâncio, continuaria tudo a funcionar como sempre funcionou entre “gente tão respeitável”

dobrado em castelhano para melhor compreensão. (O original em inglês pode ser visto aqui) Thomas Dickon requer uma explicação de como e porquê o capital do Banco está a ser congelado (ver nota 1):



a guerra é uma balbúrdia organizada de modo fraudulento

War Is a Racket” escrito na intenção decorativa de que o modo imperialista de acumulação capitalista pudesse de qualquer maneira ser sobrelevado não colidindo com o paradigma da classe dominante, é um livro de 1935 cujo autor foi o galardoado general da esquadra naval norte americana Smedley Butler. Com conhecimento interno de causa, ele afirmava que o Departamento de Defesa se dedicava a preservar as actividades criminosas dos “Banksters” (um acrónimo de banqueiros+gangsters) facto que sabotava a Constituição e a Carta de Direitos dos Cidadãos - “A maior parte do meu tempo de serviço, 33 anos” diz ele, “foi dedicado a usar os músculos em defesa dos grandes negócios dos banqueiros de Wall Street. Em resumo, trabalhei para os capitalistas. Olhando para trás, talvez devesse também ter dado a Al Capone algumas oportunidades”, conclui Butler. E realmente o serviço de Informações da Marinha deu essas oportunidades a gansgsters; e hoje em dia o Pentágono ainda apurou melhor as técnicas da Máfia expandindo a guerra até englobar a totalidade do povo americano.

“War is a Racket” faz uma referência genérica ao gangster de rua Al Capone mas nem uma palavra sobre o que era o testa de ferro ao serviço dos gansters judeus Sionistas, “Lucky Luciano”, que antes da guerra foi “engavetado” como refém das autoridades com a promessa de vir a ser ilibado de todos os crimes cometidos e de não ser incriminado de outros. Conforme se descreve pormenorizadamente no livro biográfico “Meyer Lansky, Mogul of the Mob” (O Patrão da Máfia) da autoria dos insuspeitos jornalistas de investigação israelitas Uri Dan, Dennis Eisenberg e Eli Landau. A invasão americana pelo sul de Itália na II Grande Guerra foi decidida em função da colaboração (Operação Underworld) dos serviços secretos da Marinha, da Máfia do judeu Meyer Lansky e da colaboração dos seus capos operacionais sicilianos comandados por Salvatore Lucano (“Lucky” Luciano) re-convertendo as acções do submundo do crime em actividades patrióticas. Assim, em função do conhecimento do terreno, foi decidido que a testa de ponte do 1º desembarque nos americanos na Europa fosse feito na Sicília em Agosto de 1943. (um ano antes do famoso Dia D)

New Deal, a resolução da crise pela guerra

Na época da rodagem de “American Madness” o fornecimento de papel moeda pelas entidades emissoras tinha crescido muito mais rapidamente do que as reservas de ouro; Então para prevenir que as reservas de ouro caissem em desvalorização, os Estados Unidos decidiram desvalorizar o dólar em 41 por cento. Antes de 1934, uma onça de ouro podia ser adquirida por apenas US$ 20,67, porém depois daquela revisão o governo norte americano apenas disponibilizava a mesma onça de ouro por troca com 35 dólares. Em termos de reservas financeiras, quem dispunha de poupanças amealhadas em contas em dólares perdeu 41 por cento do seu valor de um dia para o outro. Mesmo pensando-se que a desvalorização da moeda em 1934 atingiu a confiança da população no dólar, o que é certo é que outros cinco anos depois, a entrada da economia dos EUA e os investimentos na II ªGrande Guerra trouxeram ao dólar um novo estatuto: a confiança no dólar como moeda de reserva global.

Por altura do fim da guerra, os representantes das nações de topo capitalista reuniram-se concordando na criação de um novo sistema monetário internacional, depois conhecido por Acordo de Bretton Woods. Nesta reunião, as nações saídas da guerra mundial, todas virtualmente falidas, foram obrigadas a acatar a decisão de que a economia dos Estados Unidos se tinha colocado numa posição de domínio global – isto porque entretanto os EUA tinham passado a deter 80 por cento das reservas de ouro mundiais; e por isso estavam em condições de impôr a obrigatoriedade de anexação de todas as outras moedas ao dólar, dominando-as.

nota (1) - Gangsterismo financeiro. O congressista Louis McFadden, administrador da “House Banking and Currency Committee” entre 1927 e 1933 opôs-se ao Sistema da Reserva Federal. Existem, datados dessa altura, três relatórios sobre o tema da sua vida dentro desse “sistema” até finalmente morrer de um duvidoso “ataque cardíaco”. Trancreve-se o que ele disse ao Congresso àcerca da Reserva Federal: “Sr. Conselheiro, temos neste país uma das mais corruptas instituições que o mundo jamais conheceu. Refiro-me ao “Federal Reserve Board”. Uma coisa que ainda existe, apesar da crise, ou precisamente por causa dela
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sábado, junho 27, 2009

Moniz




















Portinho da Arrábida, Junho de 2009

alegrismos

"novas esquerdas" nascem como cogumelos - e lá se vai "o milhão" de votos do MIC metade para um lado e metade para outro. Purismos ideológicos àparte, é de bom senso e expectável que se reagrupem e a onda engrosse, para que de uma vez por todas se ponha termo ao lamentável exercício de gaguez cínica que ocupa o actual edificio da presidência da república, alugada sem legitimidade de contrato, à tropa fundamentalista neocon pró-atlântica . É salutar pensar que tal venha a acontecer, neste dia nacional de marketing do vinho, o tal produto genuíno que na era salazarenta substituia o voto na alimentação do "mesmo milhão" de portugueses embriagados pela indiferença e pelo desenrascanço labrego, hic!
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sexta-feira, junho 26, 2009

a Pescanova cria peixes de plástico à custa do Erário Público

a multinacional Pescanova acabou de inaugurar no día 20 de Junho em Mira (na região costeira centro) uma aquacultura de criação de rodovalhos, uma fábrica de pescado de aviário para sermos mais exactos, que passa, como é habitual porque é em Portugal, por ser a maior do mundo: 82.000 hectares no limite mínimo permitido de 500 metros da costa - um empreendimento à altura de craques como a Nestlé, Monsanto ou Exxon noutros sectores, ou das “grandes obras de engenharia” de José Sócrates, como acontece com cada fábrica que cria o poderoso grupo - a Pescanova não é um modelo é um desastre!. Este tipo de instalações tem impactos devastadores no meio ambiente e nas populações locais. No Senegal, por exemplo, este modelo eliminou em 15 anos a pesca artesanal local, e com ela o principal meio de obtenção de proteínas nesta região de África.

A citada instalação em Mira começou a ser construida quando, em 2007, o governo regional da Galiza, então compartilhado pelo PSOE e pelo BNG (Bloque Nacionalista Galego), decidiu não permitir à empresa criar mais uma nova fábrica no Cabo Touriñán num espaço protegido da Rede Natura 2000. O plano sectorial de aquicultura que havia sido aprovado no tempo do PP – em plena campanha eleitoral – criava dezenas de instalações de fabrico de rodovalhos nestas áreas protegidas, a maioria das quais em zonas da costa atlântica em estado completamente virgem.
A reacção do Grupo Pesqueiro que é presidido a partir de Vigo pelo empresário Manuel Fernández de Sousa foi imediata: “Se não autorizam, nós vamos para Portugal”, o que dito na Galiza representa neste contexto o Terceiro Mundo da Europa, pois trata-se da mesma ameaça que é sempre feita quando os empresários de diversos sectores são confrontados com as lutas dos trabalhadores pelos seus direitos. A deslocalização está no ventre do dragão capitalista.

O bom destes negócios é que o povo contribuinte paga! e os decisores comem opiparamente dos trocos que sobram dos lucros das multinacionais. Simplesmente é este o grande interesse nas grandes obras e investimentos numa economia aberta.

Segundo a organização ecologista galega “Adega”, o Estado Português entregou à Pescanova – por aquilo que se sabe - 45 milhões de euros em subvenções públicas directas – sem contar com as subvenções indirectas para melhorias tecnológicas, infraestruturas de distribuição, vantagens fiscais, etc. – dos 140 milhões de euros do total do projecto.
Tudo, segundo a empresa, para criar cerca de 200 postos de trabalho (no começo prometiam mais de 1000), ainda que por toda a costa galega se possa constatar que este tipo de fábricas não podem empregar mais de 50 pessoas. Ainda assim, fazendo um cálculo rápido, resulta que cada posto de trabalho custou aos cofres públicos portugueses nada menos que 225.000 euros, o que é o mesmo que dizer que Portugal pagará com dinheiro público o salário completo dos trabalhadores da Pescanova – um valor estimado de 15.000 euros por ano – durante 15 anos.
À cerimónia de inauguração presidiram o primeiro-ministro José Sócrates e o comissário europeu Joe Borg mas nenhum jornalista lhes deu o recado: assim, com contratos destes, qualquer um estabelece um negócio.

fonte:
"A piscicultura de Mira, é uma fraude à lei; a de Touriñán um insulto á cidadania!"
- esta informação foi censurada na imprensa da Galiza; mas está disponivel em organizações de propaganda das indústrias do mar de pesca e criação intensiva como a FIS

* Outro caso célebre de infracção à legislação ambiental na "grandiosa campanha de alcatroamento do país"

* o que disse a imprensa sobre o assunto, não necessariamente ligando cabeça e rabo da frase: Maria José Santana, no Público "Dia de festa (...) em empreendimento edificado na área da Rede Natura 2000"
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quinta-feira, junho 25, 2009

Memórias da Banca

"Nenhum acontecimento é único, nada acontece apenas uma vez (...) tudo aconteceu, acontece e acontecerá perpetuamente; os mesmos indivíduos apareceram, aparecem e aparecerão a cada volta do círculo"
in "Man and Time",
Henri-Charles Puech
sobre a génese do pensamento grego

No final dos primeiros 100 dias da Grande Depressão em 1929 quando o desemprego se contava por milhões (uma quarta parte da força útil de trabalho) e a generalidade da população era expulsa para sobreviver em barracas nos subúrbios, o presidente Herbert Hoover insistia que o mercado livre era o único motor para a prosperidade, que os pobres eram preguiçosos e que era por isso que em última análise o bem estar social sofria grandes quebras. E era à luz deste discurso que a nação mergulhava cada vez mais fundo no desespero – até ao decreto que saneou a Banca dez anos depois em 1939, e ao lançamento do New Deal que programou economicamente a guerra que teve inicio nesse ano,,,
Por analogia, muitos analistas e peritos em relações internacionais actualmente não hesitam em afirmar que qualquer coisa de grandioso está a chegar,,,

“Nada sei sobre as armas com que se combaterá na III Guerra Mundial, mas do que tenho a certeza é que na IV Guerra Mundial se usarão apenas paus e pedras” (Albert Einstein)


longe dos tempos áureos, as ruas Pike e Henry em New York,
(foto de Berenice Abbot, 1936)
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quarta-feira, junho 24, 2009

OCDE avisa para crise nas pensões de reforma

Na citação caseira do relatório da OCDE que coloca as previsões para Portugal numa queda do PIB de quase 5 por cento e o desemprego em 2010 a ultrapassar os 11 por cento (nos números oficiais, porque de facto incluindo os desempregados não registados o número será muito maior), relatório que o ministro das Finanças usa despudoradamente para dar o recado que “depois subiremos mais que a média europeia” (de esperança vive sempre o homem, até que morre.) omite-se dos olhos das pessoas comuns que, citando o Financial Times de ontem, o próximo degrau a descer na crise irá atingir os fundos de pensões, públicos ou privados em todo o mundo (que no ano passado sofreram já perdas de valor na ordem dos 23 por cento), o que põe em risco de cortes milhões de pensionistas “sujeitos a ajustamentos de acordo com os esquemas financeiros públicos que precisam ser repensados, para prevenir que esses cortes (associados a menos níveis de consumo) possam agravar a recessão” (fonte)

Desinvestimento; o exemplo vindo do centro capitalista, ou de como, se não nos pomos a pau, se o próximo governo for do PSD, poderá privatizar a Segurança Social e prosseguir na saga dos Serviços de Saúde dependerem cada vez mais de sociedades de accionistas:
"o Plano de Obama para cortar custos nos cuidados de saúde poderá ter custos elevados"
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trabalho precário


Walden Bello:
"o capitalismo não desaparecerá a menos que nos organizemos para ter outro sistema"
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terça-feira, junho 23, 2009

Para o ano que vem em Brasília, em Washington e no Inferno da selva















1. O mandato do actual presidente Lula termina em 2010. E como se falou aí atrás na nomeação de Lula como próximo Director do Banco Mundial, convém dar um exemplo da isenção e ética dos novos tempos - José Dirceu, o principal arguido no escândalo de corrupção que ficou conhecido por “Mensalão”, é o indigitado responsável do Partido dos Trabalhadores para dirigir a campanha presidencial da sucessora de Lula, Dilma Roussef, também conhecida como "josé dirceu de saias" ou Condolezza Rice galega que é a actual toda poderosa Ministra da Casa Civil da Presidência. Se a candidata for derrotada e lhe suceder uma alternativa da direita neoliberal pura e dura, quanto pior melhor.
2. José Vicente Rangel da cadeia de televisão privada venezuelana Televen acaba de denunciar no programa “Confidenciales” que existem evidências que a Agência Central de Informações (CIA) montará uma secção regional em São Paulo, logo após o final do mandato de Luiz Inacio Lula Da Silva de onde comandará as operações (“especiais” como é habitual) que abranjam toda a América do Sul, “especialmente” a Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina.

a última Crise Capitalista e os Muros nas Favelas

3. E é pelos caminhos ínvios da corrupção das elites, da guerra social de baixa intensidade e das ditaduras do capital assassino, que chegamos a um personagem como Marcos Willians Herbas Camacho, um jovem nascido em 1968 que se encontra preso numa cadeia de São Paulo. Celebrizado como “o Marcola” é o suposto dirigente da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Marcola não é sociólogo ou politólogo, tão pouco analista ou jornalista, mas a entrevista que deu a Arnaldo Jabor para o jornal “O Globo” em Maio é impressionante.
P – você é do PCC?
Marcola – mais que isso, eu sou um sinal dos novos tempos. Vocês nunca me viram durante décadas… e antigamente era fácil resolver o problema da miséria. O diagnóstico era óbvio: migração rural, desníveis de rendimentos, poucas favelas, periferias ralas. Mas a solução nunca chegou. ¿que fizeram? Nada! O governo federal alguma vez nos destinou um programa?. Nós só apareciamos nos desmoronamentos dos morros, ou nas canções românticas sobre a “beleza dos morros ao amanhecer” esse tipo de coisas…
Agora estamos ricos com a multinacional do polvo; e vocês estão a morrer de medo… Nós somos o início tardio da vossa consciência social… ¿Viste? Sou culto… leio Dante na prisão: “Lasciate ogni speranza voi che entrate! Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno". (mais adiante Marcola afirma ter lido centenas de livros e sentir-se ali mais livre e protegido que cá fora. Sem prejuízo para o negócio).
P – e qual seria a solução?
Marcola - ¿Solução? Já não há solução, tanso... A própria ideia de “solução” já é em si um erro. ¿Já viste o tamanho das 560 favelas do Río? ¿E já andaste e viste de helicóptero as periferias de São Paulo?
¿ Solução como?


(a entrevista no seu todo é imperdivel. Pode ser lida aqui)
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Adam Smith está mais próximo de Karl Marx que da chusma de liberais e neocons que actualmente confeccionam saladas com as suas citações. Eric Toussaint da CADTM faz uma resenha de citações daquilo que Adam Smith escreveu nos anos 1770 e verifica que as suas ideias não estão assim tão longe do que escreveram Karl Marx e Friecdrich Engels setenta anos depois no famoso "Manifesto Comunista"

* ver também:
a recensão do livro de Giovanni Arrighi, "Adam Smith in Beijing", um estudo sobre o "capitalismo destrutivo"
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segunda-feira, junho 22, 2009

Mais? queres mais Oliver?

"o fluxo de capital estrangeiro nas economias mais frágeis (leia-se, nas abertas, desregulamentadas e dependentes) deverá cair 48,7 por cento; segundo o Banco Mundial espera-se uma contracção de 2,9 por cento no PIB mundial" - a habilidade na forma como se apresenta a "notícia" de hoje no Público consiste em esconder que as fronteiras da pobreza não se medem hoje pelas linhas de demarcação nacionais, mas sim pela redistribuição dos produtos segundo as classes sociais. (segundo a Ong “Feeding Americauma em cada cinco crianças no Estado do Missouri de hoje passam fome). De Thomas Jefferson, quando dizia em 1800 e picos: “Não se pode acreditar em nada do que se escreve num jornal. Mesmo que se trate de uma verdade, ela torna-se suspeita apenas pelo facto de ser dita num veículo poluído” chegamos a Tom Waits, aquele rocker inestético de voz rouca que no século XXI costuma perguntar à malta: “digam-me, como escolhe Deus entre os crentes que lhe rezam para sair da merda, aqueles que Ele recusa?



Lendo, pela mão da indústria cinematográfica nas entrelinhas deste clássico da literatura universal, como se pode desmistificar a função de um predador quando este se mascara da mais nobre função de teu protector? claro, se insistires, o predador mais tarde ou mais cedo acabará por te comer. Nunca te esqueças da lição de Adam Smith nos primórdios do liberalismo, agora que pagas exorbitantemente por tudo o que precisas para a tua subsistência básica: “quando a terra se converte em propriedade privada, os senhores da terra adoram rapinar até onde eles nunca sonharam... reclamar rendas até sobre os produtos naturais”.

Por exemplo, lendo os números da dívida das regiões pobres e reportando-nos apenas ao caso mais recente do Líbano, este “país” em 2005 foi obrigado a dedicar 52 por cento do seu Produto Interno Bruto ao reembolso da dívida externa, enquanto apenas 23,1 por cento são destinados à Educação e ao ministério da Saúde em conjunto.
Neste último dia 5 de Junho, com os jornais enfiados de cabeça na areia, realizou-se em Genebra a 11ª sessão do Conselho para os Direitos Humanos, onde um reputado perito apresentou à ONU e às agências acreditadas um relatório independente exigindo e incentivando todos os cidadãos a reclamar auditorias sobre as dívidas externas dos seus paises. O Banco Mundial recusou-se a participar, (o mesmo que representa Fagin aos cabeçalhos do Público) mostrando desinteresse (uma situação que se arrasta desde o 1º relatório em 1977) por assuntos que envolvam qualquer relação com “direitos humanos” na área económica. Mas o relatório de Cephas Lumina agora apresentado insiste na evidência que "existe um vínculo claro entre as dívidas externas e os Direitos Humanos" e propõe um novo marco conceptual para compreender essa relação.

Um jogo diabólico

Voltando aos heróicos tempos de Jefferson e da constituição revolucionária dos Estados Unidos contra o colonialismo britânico a partir de 1776 - dizia-se então que era preciso não esquecer que todos os homens sem propriedade aspiravam sempre mais a tornarem-se ricos que a enfrentar a realidade de continuarem pobres. Talvez por isso se fale agora insistentemente no vira casacas "social democrata" Luis Inácio "Lula" da Silva para a presidência do Banco Mundial
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domingo, junho 21, 2009

Irão, situação controlada

Para se compreender a actual crise no Irão é necessário enquadrá-la na história recente do país, mormente depois do golpe de Estado engendrado pela CIA em 1953 para derrubar o governo legitimamente eleito de Mohamed Mossadeg quando este resolveu nacionalizar a Anglo American Oil Company e a posterior instauração de uma ditadura pró ocidental presidida pela tronitruante figura monástico- decorativa do Xá da Pérsia Reza Pahlevi.

O regime caiu de podre pela corrupção em 1979 às mãos da Revolução que destituiu a monarquia para instaurar a República Islãmica do Irão. (vista como reacção à ordem neo-liberal imperialista norte americana). Um dos combatentes dessa luta era o actual Supremo Lider do Estado religioso islãmico Seyed Ali Kameney, o que detém a última palavra sobre a legalidade no regime democrático e então um jovem guarda revolucionário.

Kamenei ratifica reeleição de Ahmadinejad e exige o fim das manifestações

Foi este Supremo Lider que na sexta feira passada no final do serviço religioso perante a multidão que suporta o regime de democracia popular avisou do perigo que a Oposição corria ao persistir em convocar protestos ilegais para um assunto já tomado em mãos pelo Conselho de Guardiães, que concluiu numa primeira análise pela validade da eleição do presidente Amadhinejad – avisou concretamente para a eventualidade da ingerência estrangeira estar “apostada em provocar um banho de sangue

Em Londres o movimento “Stop War” diz textualmente que “a crise provocada no Irão não se deve tornar num pretexto para uma nova intervenção dos Estados Unidos e Grã-Bretanha na região (lembre-se, os sócios na Anglo American Oil Company da era do Xá), nem para provocar novas tensões em volta do programa nuclear do Irão.

Pelo lado da "(des) informação ocidental" controlada e impedida de continuar a espalhar rumores e mentiras, sobram as listas de blogues e twitters na Internet como “fontes credíveis de informação” em sites embonecados (como este) ou até sionistas (como este) que espalham rudimentares e histéricas objecções à ordem estabelecida, nenhum identificado “por supostamente poderem ser colocados em perigo” – e que uma análise mais cuidada se verifica serem quase todos ocidentais e quase nenhum residente no Irão.
Os meios de comunicação oficiais, como a BBC editada em língua Farsi, difundem vídeos como este, onde se afirma que “os guardas revolucionários dispararam sobre os manifestantes” mas distorcendo e omitindo os factos, sem informar que os focos de incêndio que se vêem são de uma tentativa de assalto e fogo posto a uma séde de campanha do presidente Ahmadinejad e a uma instalação militar.

Comparado com as nossas televisões, o Irão visto pelo lado da imprensa árabe é apresentado de modo diferente:

sábado, junho 20, 2009

"O verdadeiro limite do modo de produção capitalista é o próprio capital, é o facto de que o capital e a sua autovalorização aparecem como o ponto inicial e o ponto final da produção, como o seu motivo e o seu fim; que a produção é somente produção para o capital e não, ao contrário, que os meios de produção sejam simples meios para um desenvolvimento cada vez maior do processo de vida em favor da sociedade dos produtores". (Marx). A Economia teria de estar subordinada à Sociedade e não o contrário.

Leitura recomendada. "Desde há vários anos que o sistema capitalista tem vivido uma longa crise de estagnação. Segundo o autor, para se confirmar este facto, basta comparar-se as estatísticas do crescimento entre o final da II Guerra Mundial e o início dos anos 70, com as duas últimas décadas. Guilherme da Fonseca-Statter em “Os Erros de Marx e as Asneiras dos Outros” (edições Zéfiro) relata-nos que Karl Marx – visto por muitos apenas como “profeta maldito” – já tinha alertado para estas possibilidades de uma forma extremamente detalhada, como relembram vários artigos, ensaios e livros recentemente saídos a público”

quem foi Ladislau von Bortkiewicz? (pag 74/75)

(…) passemos agora às conclusões a que chegou Ladislau Bortkiewicz, matemático russo de ascendência polaca que viveu entre 1868 e 1935.
Tendo então estudado (presume-se que de forma exaustiva) a obra de Karl Marx, Bortkiewicz chegou à conclusão que Marx se tinha enganado, estava mesmo profundamente errado na solução que tinha proposto para um alegado “problema da transformação” de “valores” em “preços de produção”. Daí vieram naturalmente a concluir, todos os opositores das ideias de Marx sobre o funcionamento do sistema capitalista que, se Marx estava errado acerca de um assunto tão fundamental como a realção lógica e intrínseca entre “valores” e “preços de produção”, então naturalmente toda a sua análise estava errada e o sistema capitalista não funciona mesmo da maneira como Marx o explicava. Não havia volta a dar-lhe. Era assim e estava o caso arrumado.
Havia no entanto, e continua a ahaver, autores que defendiam e explicavam a “descoberta” de Bortkiewicz não como uma refutação da análise de Marx, mas sim como uma correção. Marx teria apenas cometido “um pequeno errozito”, já numa fase adiantada da sua vida e que não tinha esmo tido tempo de verificar e corrigir. Convém aqui lembrar que este alegado erro de Marx estaria contido na parte final do Volume III da obra “O Capital”, volume esse que foi editado e publicado pelo seu amigo Friedrich Engels já depois da morte de Marx.
O próprio título da obra de Bortkiewicz sugere claramente a ideia de uma correcção à análise de Marx, (“Sobre a Correcção da Construção Teórica Fundamental no Terceiro Volume de O Capital”). O leitor eventualmente mais interessado pode consultar um texto de Bortkiewicz onde este problema é discutido à exaustão. Trata-se da obra “Valor e Preço no Sistema Marxiano” (disponível em http://jphdupre.cheza-lice.fr/livre/pdf/bortkiewicz.pdf )
Neste trabalho em particular, de suposta correcção à forma como é explicada a transformação de “valores em preços” no referido Volume III de O Capital, Bortkiewicz conclui dizendo que:
“A posição especial (de desinteresse, nota do autor) para a qual Marx – no seu modelo – relega o trabalho e o lucro comercial, não tem qualquer justificação. As nossas observações positivas devem pois ser interpretadas no sentido de que, para além do trabalho utilizado na produção de mercadorias, deve-se também levar sempre em conta aquele trabalho que permite às mercadorias alcançar o consumidor”.

Por outras palavras, na explicação da criação do valor (e em cascata na explicação da origem do lucro…) Marx terá cometido o erro de ter dedicado atenção exclusiva à fase de produção de mercadorias, relegando para segundo plano (ou mesmo ignorando, segundo Bortkiewicz) a fase da circulação física (o comércio) de mercadorias. O leitor interessado pode também dar-se ao trabalho de verificar estas asserções no trabalho sobre Bortkiewicz “Sobre la Transformacion de los Valores em Precios de Produccion en el Tercero Libro de El Capital de K. Marx” (texto disponível em http://ar.geocities.com/alfonsoflorido/ bortkiewicz_sobrelatransformacion.pdf )
Ou seja, para Bortkiewicz, Marx tinha cometido o erro de ignorar, ou “passar por cima” do fenómeno do chamado “lucro comercial”. Como deveria ser evidente para qualquer estudioso que se desse ao trabalho de, pelo menos, ler do princípio ao fim as cerca de duas mil páginas de “O Capital”, Marx não relega coisissima nenhuma para segundo plano, aquilo a que tantos autores chamam de “lucro comercial” (por eventual oposição a “lucro industrial”…). O que Marx faz, com bastanete detalhe, é explicar como é que a totalidade do lucro gerado na totalidade do sistema capitalista, acaba por se vir a distribuir pelas diversas categorias de detentores do factor “capital” (nota 32).
Marx explica também, com detalhe q.b., que o valor final das mercadorias é aquele que é determinado pela totalidade do trabalho socialmente necessário para as colocar ao dispor dos seus consumidores finais. Ou seja, incluindo-se aí os custos ou despesas de transportes e circulação. Mas é com base neste tipo de “erros de análise” que muitos dos opositores de Marx descartam por inteiro toda a sua análise do sistema. Não dá para acreditar, mas é mesmo assim”.

(32), nota do autor: “cá está um exemplo da necessidade de se fazer a abordagem analítica a partir da totalidade do sistema, de “cima para baixo” como soe dizer-se, em vez de se fazer essa abordagem analítica a partir das partes componentes do sistema…”
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sexta-feira, junho 19, 2009

"crimes de guerra"

Às voltas com umas tralhas antigas embrulhadas em jornais, ao desfazer os embrulhos e rasgar o papel voltei atrás e recuperei um recorte com uma noticia: procurei no canto inferior da folha: Diário Popular 9 de Janeiro de 1986. Distracções destas já não se cometem hoje em dia na imprensa comandada pelas corporações instaladas.

Aqui numa penada se explica tudo:
como funciona o esquema que criou o monstro Israel
, e qual é o papel do Banco Central, primeiro alemão, depois do Europeu - comprou a empresa alemã, e a empresa financia indemnizações de guerra aos judeus; que pelos vistos, passados outros 30 anos, são mais que muitos, pagadores e vítimas, porque Israel nunca esteve tão próspero.

Aqui fica a transcrição:

“A empresa alemã-federal Felsmuehde Nobel, pertencente ao consórcio Flick, recém adquirida pelo Banco Central Federal, pagou 5 milhões de marcos em indemnizações a uma organização judaica que se ocupa das reparações pelos crimes de guerra.
Segundo anunciou ontem um porta-voz da empresa, a verba concedida representa uma indemnização pelos judeus que trabalharam como mão de obra forçada nas fábricas do grupo durante o Terceiro Reich. O porta-voz explicou que o objectivo era exclusivamente humanitário e rejeitou a responsabilidade do fundador do consórcio, Friedrich Flick, na utilização desse tipo de mão de obra por parte da Nobel, empresa que, segundo disse, foi adquirida pelo grupo depois da guerra.
O presidente da comunidade judaica de Berlim, Heins Galinski, lamentou entretanto que fosse necessário esperar 40 anos para que a Flick concedesse o que classificou de “esmola”.
A negativa em pagar uma indemnização aos mais de mil sobreviventes judeus que trabalharam para empresas da Flick durante a Segunda Guerra Mundial, suscitou recentemente fortes críticas da oposição social-democrata e dos sindicatos na Alemanha Federal. – (Anop)”

Há também outra conclusão a retirar: aparentemente o que era bom para os criminosos de guerra Nazis não é suficientemente bom para os criminosos de guerra Sionistas de hoje, quando matam impunemente em Gaza, ou mantêm sequestrada uma população de milhões sem trabalho nem condições de subsistência no inenarrável goulag em que se transformou a Palestina. Bem visível no mapa do arquipélago:

quinta-feira, junho 18, 2009

Cenas canalhas












Na internacionalização do nosso fado, um destino miserável é que a puta socialista de alto rendimento investida no poder tenha uma morte macaca censurada às mãos de um gígolo da laia do CDS/PP. E de caminho o delegado pelos donos do bordel, o enviado socialista ao esquema mulbilionário do Banco Central veja os fregueses espantarem-se com a chinfrineira em torno da gestão do negócio do endividamento das meninas. Destino malvado, reina a ordem na vida real, fado d`um ladrão, espevitam-se as madames maquilhadas na televisão. Em cena, a actual grande mistificação é saber, diria melhor, encobrir confundindo, as origens da nossa crise nacional com as origens da crise mundial importada. Vamos primeiro a um ensaio de resposta simples que chega lá de fora: “os governos criaram um monstro – os Bancos com acesso aos fundos públicosnota o Sunday Herald. Mas, e criaram-no só agora?, com as ajudas às instituições falidas?,

Não! afinal o acesso das máfias da partidocracia ao bolo dos bens públicos confiscados em impostos aos cidadãos já é um cenário relativamente antigo, agravado desde o crash do Nasdaq em 2000 (gerido pelo Maddoff), Bush, Barroso e sucedâneos naturais, como Sócrates, todos vírus residentes da mesma vara porcina neoliberal que cria dinheiro ficticio sem qualquer relação com o valor real das coisas. Se alguém o faz, toca a consumi-lo. O desbragado acessso da elite dos negócios aos fundos públicos durou (e ainda assim preparam-se para o eternizar) enquanto durou o imperceptivel esquema de Ponzi - senão vejamos um episódio recente do folhetim: um notável banqueiro do regime, Dias Loureiro, sacou 8 milhões para a sua conta bancária apenas num negócio do BPN. Vítor Constâncio afirmou ontem na audição no Parlamento que “há uma dúzia de grandes cúmplices e responsáveis pelo que aconteceu” no banco falido. Ora, partindo do principio que cada um dos “responsáveis” que meteram a colherada no mel se aviaram pelo mesmo valor, daí resultam 12 x 8 igual a 96 milhões. Onde páram as restantes massas que faltam para a pexincha dos “menos de mil milhões de euros” de Constâncio?. Como tartamudeou oportunamente Cavaco Silva: “estão desaparecidas!”. Negócio de Estado e segredo de injustiça. Ponto final, alguém acredita?.

Na apoteose da trapalhada o ministro Teixeira dos Santos vai hoje à comissão de inquérito da AR (em directo no PúblicoOnline) responder à difícil questão “afinal quanto vai custar exactamente aos contribuintes portugueses a intervenção do Estado no Banco Português de Negócios?
Palpita-nos que o ministro vai ainda fazer menos que a secretária italiana do judeu Madoff: quando foi chamada a depor afirmou taxativamente: “o silêncio do meu patrão está a encobrir outros”. Quem?, não interessa, “não vão conseguir nada”, disse ontem da janela do prostíbulo outro expert na matéria: o major Loureiro. Conforme afirmou ontem VítorConstâncio o antigo procurador Souto Moura, nomeado pela coligação PSD/CDS, na sequência de noticias de contra-ordenações detectadas durante a Operação Furacão que envolviam o BPN, recusou fazer uma reunião com o BdP sobre o assunto; e José Souto Moura preferiu agora não fazer qualquer comentário, afirmando que já não se lembra de nada
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quarta-feira, junho 17, 2009

a saudação fascista da berlusconete

a Itália pode aumentar a procura do turismo histórico reaccionário com mais uma pequena maravilha artística. Toda a gente sabe,,, para se ser ministra italiana é preciso ter certas tendências (por acaso banidas das constituições politicas europeias) fazer prova de competência de exibição de coxas em shows televisivos sobre o combate à pobreza e dar beijinhos ao Chefe.
Michela Vittoria Bambrilla, militante do partido ultra-conservador Povo da Liberdade (PdL), subscretária de Estado do conselho de ministros de Berlusconi e recentemente nomeada ministra do Turismo alça do braço e instintivamente faz a saudação fascista no final de uma acto público:

(fonte: La Repubblica)

concertação criminal


A etnia dominante que combate ferozmente uma das guerrilhas mais antigas da peninsula do Industão, desde os tempos medievais dos gonzos Mahavamsa que considera os Tamil como uma espécie sub-humana. O responsável pela Defesa Gothabaya Rajapakse, igualmente responsável pela matança, em entrevista à BBC desmonstra como aprendeu depressa o discurso racista de Bush: “Tenho à minha frente apenas dois grupos – o povo que luta combatendo o terror e os terroristas. Então, ou você é um terrorista ou você é uma pessoa que combate terroristas”. Lapidar! No entendimento da espécie de gente com quem países democráticos europeus fazem negócios de armamento.
Mais um crime que morre casado, com tantos outros

Teremos atingido o ponto de não Retorno na aniquilação de grupos dissidentes?

O teórico marxista do Sri Lanka G.V.S. de Silva apresentou um desenvolvimento adicional do conceito de barbárie. Ele argumentou que a noção tradicional marxista dos modos de produção a evoluírem do capitalismo para o socialismo e o comunismo precisava ser revista. O capitalismo não conduz necessariamente ao socialismo ou o socialismo necessariamente ao comunismo. Ao invés disso, tanto o capitalismo como o socialismo poderiam degenerar em barbárie, a qual representava uma alternativa brutal ao comunismo. A barbárie, na concepção de Silva, devia ser definida como uma sociedade baseada simultaneamente sobre: a força, o controle ideológico na escala do 1984 de Orwell, a destruição de todo o poder contrabalançador de modo a que interesses económicos possam governar directamente com um Estado mínimo

¿A Solução Final?
Como funciona o extermínio militar em massa
da "população sobrante"