Pesquisar neste blogue

quarta-feira, outubro 20, 2010

Os Banqueiros vão Nus

de como os Governos dos Estados Unidos sempre ajudaram o gangue de Wall Street a rapinar a classe média americana, e depois a global (I)

1. Um Pouco de História

Esta história começa ainda antes dos Estados Unidos serem Estados Unidos. As 13 colónias originais imprimiam o seu próprio dinheiro, e isso funcionava muito bem, porque fortalecia as trocas comerciais e tornava a jovem América numa fluorescente e progressiva economia, livre da pobreza e do desemprego que por essa altura grassava em Londres. Mas os banqueiros da Europa, habituados de há muito a emitir papel moeda para uso público, ficaram horrorizados com esta abordagem americana e viram nela uma ameaça para os seus caridosos princípios religiosos, segundo os quais Deus tinham destinado para os banqueiros a fortuna de possuírem todas as riquezas do mundo.
Então, o Banco de Inglaterra exerceu a sua influência sobre o Rei George III para impor uma “Lei da Moeda” (Currency Act) às Colónias, que as proibia de emitir e usar o seu próprio dinheiro, ficando desta forma limitadas a pedi-lo emprestado à oferta legal do Banco de Inglaterra, pagando juros. Demorou apenas alguns anos para este esquema reduzir a antiga prosperidade e produtividade das Colónias à pobreza e ao desemprego típicos de Londres nesse mesmo período, como ficou expresso no legado da literatura de Dickens e outros.
Enquanto as escolas públicas norte americanas ensinam que a Revolução teve a ver com os “Impostos sobre a importação do Chá” (e não tanto com a proibição da impressão de dinheiro localmente), foi primeiro que tudo a raiva criada pelo empobrecimento forçado pelo Currency Act o factor que fomentou a rebelião. Porque é que a “Lei da Moeda” não é mencionada nas escolas tornar-se-á evidente mais à frente.

2. A Economia Original Americana

A seguir à Revolução Americana, os “pais responsáveis pela fundação da nação” retomaram de novo o sistema que tinha funcionado tão bem antes do “Currency Act”

Como se mostra no diagrama anterior os responsáveis estabeleceram um sistema económico simples que não se baseou num banco central privado. Emitido pelo governo o dinheiro passou a circular e a ser usado publicamente sem cobrança de juros. Durante o circuito de trocas económicas o Estado cobrava os respectivos impostos e aceitava de novo o dinheiro sob a forma de depósitos num banco estatal. Por cada ano fiscal a quantidade de dinheiro emitido igualava a soma do dinheiro colectado. Nada se perdia. O dólar baseava-se numa medida de peso em prata, o que significa um valor do dólar fixo e não sujeito aos caprichos gananciosos dos governantes ou dos banqueiros

3. O Primeiro Banco dos Estados Unidos

Este é um sistema que tem funcionado muito bem para a população civil em toda a história. Fez da nova nação imediatamente uma nação próspera. E isso alarmou os clãs bancários europeus, que temiam que a inspiração estado-unidense se estendesse a outras nações, como de facto aconteceria em França em 1793. Mas onde a força militar da Grã-Bretanha tinha falhado a politica colonial venceu, quando o presidente Alexander Hamilton em 1791 concedeu uma licença por 20 anos ao Bank of the United States.
Quase imediatamente, a espiral da dívida no orçamento do Governo, foi considerada necessária para o comércio internacional sob o governo de Hamilton (ex-Secretario de Estado do Tesouro), e assim se começou a drenar localmente a vida dos cidadãos comuns. O furor da dívida foi uma assunto importante que conduziu ao famoso duelo entre Hamilton e o vice-presidente judeu Aaron Burr, que resultou na morte de Hamilton a 11 de Julho de 1804. Como nota à margem, as pistolas que se usaram nesse duelo estão hoje em poder de entidades como a J.P.Morgan Chase&Co, Goldman Sachs e outras. E Alexander Hamilton continua a ser agasalhado na tumba pelos cartéis bancários privados que ele defendeu.
Pelo ano de 1811, os accionistas do First Bank of the United States tinham ficado ricos, enquanto se arruinava a vida dos americanos comuns pela usura sobre todas as actividades económicas vulgares. Como o Congresso havia prudentemente limitado a concessão ao Banco que terminava nesse ano de 1811, iniciou-se um movimento popular para reverter os seus estatutos, o que conduziu a uma grande quebra nos negócios do banco devido à oposição pública

4. A Guerra de 1812

No ano seguinte, com a conclusão da guerra da Inglaterra contra Napoleão, os accionistas privados do Banco de Inglaterra (maioritariamente já na mão do clã Rothschild) exigiram ao Rei George que invadisse os Estados Unidos para os forçar a aceitar de volta a ideia do sistema de um banco central privatizado, desta vez sob a égide do Bank of England. Essa guerra iniciou-se em 1812, uma guerra que como todas as guerras, foi inventada e levada a cabo com a finalidade de obter lucro.


5. O Segundo Banco dos Estados Unidos


A guerra de 1812 falhou, e de novo a politica e as pressões financeiras foram bem sucedidas onde a força militar tinha falhado, e em 1816 o presidente Madison concessionou o Second Bank of the United States, em parte para fazer frente à dívida criada para fazer face aos gastos na defesa da nação contra a Grã-Bretanha. E pela segunda vez apareceu a inflação galopante causada pela emissão de dinheiro pelos bancos privados sem quaisquer restrições. Como no 1º Banco o período de exploração foi concedido e fixado por 20 anos. No momento em que a concessão ia terminar a nação estava de novo a lutar contra a dívida e contra a pobreza, todavia os banqueiros estavam cada vez mais ricos.
Como resultado desta situação Andrew Jackson opôs-se à renovação do Contrato com o Bank of the United States e fez disso a principal bandeira na campanha de 1832:

“Meus Senhores. Estou habituado a observar estes homens há muito tempo e estou convencido que se tem utilizado os fundos do banco para especular sobre os bens essenciais ao país. Quando esses senhores ganham, dividem os lucros entre eles e levam-nos para casa, mas quando se perde lançam os prejuízos nas contas do banco. Dizem-nos eles que se eu nacionalizar os depósitos do banco e anular a concessão vou arruinar dez mil famílias. Isso pode ser certo, porém esse é um pecado deles! Se os deixar continuar, vou arruinar cinquenta mil famílias, e isso seria um pecado meu. Eles são uma corja de víboras e ladrões. Tenciono indicar-lhes a porta de saída e, por Deus eterno, irei expulsá-los”

Em 1835 um pintor desempregado, de seu nome Richard Lawrence, intentou disparar por duas vezes contra o presidente Jackson, mas por duas vezes as pistolas não funcionaram. Lawrence deu como razão para o ataque que com a morte do presidente o dinheiro seria mais abundante, uma referência óbvia ao veto de Jackson à renovação da concessão do Banco privado dos Estados Unidos. Como nota de rodapé, a seguir à perda da concessão os accionistas do Second Bank of the United States resolveram continuar como um banco normal, vindo a declarar falência em 1841.

(Continua; a seguir: "A Economia Privatizada pelo Banco Central")
.

Sem comentários: