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quarta-feira, agosto 10, 2011

Debt Deal

“Em última análise, [na necessidade da América de conter a URSS e não deixar que o comunismo alastrasse para Ocidente], a vontade e o poder económico e militar americano fizeram a “Europa”, como hoje o desinteresse e o declínio americano a desfazem” – Pulido Valente elabora a história de uma “Europa desnecessária, mas o cronista discorre apenas sobre a parte que é visivel para o consciente do senso comum difundido pelos meios de comunicação. Sobre a parte oculta, inconsciente (Jung), porque a desconhecem, as pessoas não podem pronunciar-se... quer dizer, que o declinio americano para ser perceptivel não pode continuar a ser tratado a nivel geo-estratégico territorial de um país ou união de Estados, mas como sendo obra de uma casta minúscula de multimilionários transnacionais apostados em dar o mais fabuloso golpe de conquista de todos os séculos.

As 6 Maiores Mentiras sobre o Défice dos Estados Unidos

Enquanto o défice dos EUA está a um dos mais altos níveis de sempre em termos de produto interno bruto, o pagamento de juros para todo o ano de 2011 sobre os 14,3 triliões de défice público está situado nuns meros 430 biliões de dólares. Este valor é apenas 18 por cento superior aos 364 biliões pagos no ano de 1998, enquanto a economia dos Estados Unidos teve um crescimento próximo de 30 por cento desde então. A bússula dos pagamentos do governo dos EUA aponta hoje para a necessidade de pagamentos mais baixos, mas o efeito prático da baixa do serviço da dívida face ao incremento da economia é que essa percentagem em relação ao PIB é a mais baixa em muitas décadas

Quais são as verdadeiras causas da dívida e do défice dos Estados Unidos?

São, antes de mais nada, os pacotes de resgate multi-bilionários de dólares que foram impressos e entregues a Wall Street para suprir as perdas nos jogadores financeiros nas derrocadas em Bolsa a partir de 2008, a constante escalada dos custos das guerras e do militarismo, as imensas isenções fiscais às empresas multinacionais, o vertiginoso aumento de custos dos serviços de saúde e dos medicamentos incrementados sistematicamente pelas companhias de seguros e pelas multinacionais farmacêuticas...
E quais são os bodes expiatórios? São os direitos adquiridos das redes de apoio social, a segurança social, os serviços de prestação sanitária e tudo o que envolva custos que não sejam miltares: saúde e educação pública, habitação social, transportes colectivos, energia, desenvolvimento autárquico, gastos com o ambiente, ciência, etc. E são bodes expiatórios porque não constituem as fontes da contínua escalada das dívidas e dos défices... (Rebelion)

Sob este pano de fundo, a Câmara de Representantes aprovou, com 269 votos a favor e 161 contra, o acordo de bloco central entre Republicanos, Casa Branca e Democratas de cortes na despesa e de aumento do tecto da dívida. Metade da bancada democrata votou contra e Paul Krugman considera que se trata de uma catástrofe a vários níveis”. De facto é uma mera jogada eleitoral, até 2013 não haverá cortes significativos na despesa e a dívida continuará a crescer. É uma situação catastrófica para a economia global mas por outros motivos: porque o presidente Obama é um mercenário que exerce o cargo ao serviço de interesses de mega-empresas privadas, da rede de banksters internacionais e das oligarquias nacionais mancomunadas que atraiçoam os seus próprios povos.

O presidente Obama, como o presidente Bush, o presidente Clinton e o Papá Bush, são todos mercenários que prestam serviço a essa rede oligárquica privada que detêm a rede de emissão de dinheiro que são os Bancos da Reserva Federal, rede de “agências” pseudo oficiais, mas de facto privadas, que nada tem a ver com os interesses sociais que seria suposto os governos defenderem. Os investidores norte americanos continuam a pagar juros irrisórios sobre empréstimos de capital (0,25%) enquanto, devido à exportação da dívida do Império os juros disparam em flecha nas periferias (6,7,8,10% ou mais) e a concessão de crédito se torna cada vez mais dificil pela retirada de capitais dos investimentos públicos.

O acordo sobre o défice agora concertado nos EUA num clima de embuste e fabricação de animosidade partidária é de facto um golpe dos bilionários visando a tranformação dos serviços públicos em áreas de negócio privado em seu benefício. O negócio obtido pelo acordo entre os blocos centrais sobre austeridade atingirá os mais pobres que, manipulados por canais de televisão e partidos populistas neoconservadores acabam por agir contra os seus próprios interesses.
George Monbiot: “Parcialmente como resultado do programa de cortes de impostos de George Bush em benefício do patronato em 2001, 2003 e 2005 (vergonhosamente mantido por Barack Obama) a tributação sobre os rendimentos, nas palavras de Obama, “está ao mais baixo nivel do último meio século”. A consequência de politicas tão retrógadas é um nivel de desigualdade até agora desconhecido entre as nações desenvolvidas. Como o laureado com o nóbel Joseph Stiglitz observou: “nos últimos dez anos os rendimentos do 1 por dento dos mais ricos subiu 18%, enquanto os rendimentos dos trabalhadores do terciário caíram 12%. Depois das deslocalizações das indústrias que desarmaram as classes oprerárias no Ocidente, esta é apenas mais uma faceta da declaração de guerra dos governos contra as classes médias

Na verdade o processo de concentração capitalista em curso, não nasceu agora com a “crise”, é um processo que começou há muito (1). Numa passagem do livro“A Audácia da Esperança” (Audacity of Hope) Obama, ainda antes de ser eleito, elogia efusivamente o herói da sua infância, Ronald Reagan: “Reagan correspondeu à ânsia de ordem dos Estados Unidos, à nossa necessidade de crer que não estamos simplesmente submetidos a forças cegas, impessoais, mas que podemos confrontar os nossos destinos individuais e colectivos, sempre que soubermos redescobrir as virtudes do trabalho duro, patriotismo, responsabilidade pessoal, optimismo e fé”. Como sucedia na economia das tribos primitivas os “boys” da escola de Chicago voltam a ser guiados pela Fé.
Quer dizer que Obama já estava debitando o mantra dos ultra liberais neocons inclusivamente ainda antes de entrar na sala Oval para assinar despachos. Enquanto se mascaravam os discursos de excelsa oratória com visões progressistas, os decisores que investiram Obama estão a obter agora o que sempre quiseram desde o principio (2). Durou pouco até se perceber que o individuo não era aquilo que parecia. Num discurso pronunciado em Novembro de 2008, portanto antes de tomar posse do cargo, e muito antes de que os défices orçamentais se convertessem num problema, Obama leu a seguinte passagem: “A nossa economia está encurralada num círculo vicioso: a recessão a partir de Wall Street significa um novo apertar de cinto para as familias e para os negócios particulares... teremos que estudar minuciosamente o nosso orçamento federal, linha por linha, e também proceder a cortes e sacrifícios significativos” – isto explica porque se escolheu dois dos executivos perdedores e responsáveis pelo que estava a acontecer em Wall Street em 2008 para dirigir o gabinete de economia de Obama: Lawrence Summers (que antes fez parte da equipa de Clinton) e Timothy Geithner. Foi a primeira grande recompensa de Obama a Wall Street depois da rede financeira o ter “eleito”. (Mike Whitney - CounterPunch)

(1) Em 1961 o presidente Dwight Eisenhower pronunciou no seu discurso de despedida uma famosa advertência sobre o poder desmedido do Complexo Industrial Militar. Segundo o seu biógrafo Geoffrey Perret o rascunho preparado para ser lido por Eisenhower continha o termo “Complexo-Militar-Industrial-Congressista” para marcar o papel negativo que o Congresso desempenha(va) como correia de transmissão do poder da ndústria militar. Porém no último momento o presidente preferiu eliminar a referência ao poder legislativo do Congresso para não irritar demasiado a opinião pública. De facto resulta muito caro para a população em geral ser-se imperialista. Se fosse hoje Eisenhower teria deixado a referência ao Congresso no seu discurso, uma vez que com este acordo o Congresso declara abertamente a guerra contra o seu povo, obedecendo aos designios dos 5 por cento da população mais rica do país. Embora, como se vê, Washington tenha declarado guerra ao seu povo desde há muito tempo.
(2) O acordo entre republicanos e democratas cria um Comité bipartidário no Congresso que fica encarregado de estatuir 1,5 biliões de redução adicional de despesa até ao final deste ano. Para alcançar esse objectivo o Comité considera necessária a pilhagem dos fundos da segurança social e a criação de um “plano de ajuda social de emergência” para os mais miseráveis (tal e qual está determinado ser feito em Portugal pelo governo Passos-Portas) e uma reforma tributária que aumente as receitas do Estado: menos impostos para a pagar pelos patrões com a redução da TSU e a compensação com o aumento do IVA a pagar por toda a gente. O plano é suposto continuar com os cortes até 2013, se entretanto a população não se decidir começar a incendiar todas as instalações relacionadas com a economia que tenham porta aberta para a rua


2 comentários:

Fada do bosque disse...

Veja isto, xatoo:

http://theintelhub.com/2011/06/18/no-fly-zones-appear-across-u-s-at-unprecedented-pace-as-events-ramp-up/

Anónimo disse...

Acho que seja importante dar atenção a este documentário:


O Curso do Crash.
Crash Course

http://vimeo.com/16286624