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segunda-feira, outubro 31, 2011

sobre a divisão de Classes Sociais

A minha contribuição para o debate sobre as “Funções do Capital e do Trabalho: em torno da identificação económica das Classes Sociais”, despoletado por João Valente Aguiar, no 5 Dias
(1ª Parte aqui)

O grande problema com a falta de compreensão da expressão “classes sociais” (e a respectiva negação da sua existência) tem a ver com a alienação daqueles que pressupõem que a emissão de dinheiro e a sua manipulação por Wall Street, Banco Mundial, FMI, etc. e todas as estruturas que esse dinheiro ficticio constroem são um “modo de produção”. Efectivamente a emissão de dinheiro e o crédito não relacionado com a produção de mercadorias, o seu engorduramento em Bolsa, a apropriação do imobiliário construído fraudulentamente mas de facto existente, etc. sustenta uma determinada nova classe polarizada por diversas localizações, os gestores multinacionais empregues pelos capitalistas globais e a tropa fandanga que empregam, mas em boa verdade, do que estes tratam, embora detenham a sua quota de poder no controlo da classe de produtores, é do modo tradicional de apropriação capitalista. A introdução desta nova vertente de funcionários principescamente pagos da nova pequena burguesia produz a ilusão de que a contradição principal deixou de ser a “posição dominante dos capitalistas no controlo total dos meios de produção” e a subordinação da classe operária que não detém nenhum controlo sobre aquilo que produz. Na presente sociedade de grandes accionistas (que num total não ultrapassam os 300 milhões, com primazia para o capital norte americano) pode até parecer que a mera propriedade física de determinado meio de produção nada tenha a ver com as relações de produção real da propriedade: os estatutos dos conselhos de administração fazem a blindagem dos verdadeiros donos e proprietários – naquilo que Olin Wright e al (1989, 245) redefinem como : “the petty commodity mode of production” – não por acaso uma expressão originalmente cunhada por Friedrich Engels no século XIX

Esta teorização aparentemente "nova" nada mais é que uma optimização e actualização da teoria marxista, (como antes fizeram Nicos Poulantzas ou o supracitado Guglielmo Carchedi (1), e que nada possui que entre em contradição com as leis da acumulação do Capital descobertas por Marx na sua época.

(1) Carchedi "On the Economic Identification of Social Classes" (1977):
"Não são as leis económicas que asseguram a reprodução do sistema; tendo em vista a criação de mais valias que possam ser apropriadas pelos proprietários é fundamental que exista uma intervenção do elemento superestrutural. (para ler aqui)

Para que se enquadre a declaração de Francisco Louçã sobre o anunciado reajustamento da dívida:

tendo em conta o cenário macroeconómico e a evolução das principais variáveis desde o momento em que o programa foi desenhado e aprovado e o momento presente (...) esta medida é única e simplesmente para financiar os Bancos (...) até aqui o acordo com a troika era "sacrossanto", não se podia mexer uma vírgula, mas agora, se a banca exige fundos e liquidez, apoio e subsídios”, então já se está “na época de ajustamentos" (fonte)
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