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segunda-feira, maio 28, 2012

do Crescimento e da Austeridade

E subitamente todos começaram a falar na necessidade de "crescimento"; bem, nem todos (1)...


Desde que existe economia (e desde os primeiros economistas proponentes do contrato social, Hobbes, Locke, Hume, Smith, Mill) assente nas trocas de mercadorias manufacturadas (economia mercantil) é suposto que o Estado exista para garantir preços justos e uma efectiva redistribuição que não deixe gente excluída, no mínimo, dos bens essenciais (2). No máximo não há limites, até ao facto de uma infíma minoria poder apropriar-se da própria maquinaria do Estado para servir os seus próprios interesses.

Nas sociedades modernas a medida do custo de vida justo sempre foi aferida pelo preço do pão. Na precursora Inglaterra uma forma de pão de trigo custava 1 penny, pesando a massa para o fazer o mesmo peso que a moeda: 280 gramas. Daqui precede o jargão que associa o dinheiro a “massa”, atribuindo os males da sociedade àqueles que “metem a mão na massa”

Um papo-seco antes de 1974 custava 1 cruzado (4 centésimos de Escudo, ou seja, quatro tostões). Em Maio de 2012 o mesmo pequeno pãozinho (cheio de buracos do forno eléctrico) custa 14 cêntimos. Feitas as contas, se em 1970 com 1 escudo se compravam 25 carcaças, hoje em em dia com 1 euro dever-se-iam comprar 200 vezes mais, ou seja 5.000 papo-secos. Mas com 1 euro agora só se compram 7,14 carcaças – quer dizer, o preço do pão democrático aumentou 14.280%. Em compensação o ordenado minimo em 1973 era de 3.300 Escudos, hoje em dia aumentou cerca de 2.940% e é de 485 Euros (o equivalente a 97.233 Escudos), ou seja, o salário em média aumentou menos 11.340% que o preço do pão. É a isto que os burgueses serventuários dos proprietários dos meios de produção se querem referir quando falam em “crescimento” (para meter a mão na massa)


(1)FMI, BCE e Comissão dizem que são os "salários altos" em Portugal os culpados do desemprego, mas os ordenados da equipa de inspectores da Troica variam entre os 13 mil e 20 mil euros! (fonte)
Recorde-se que, com a "ajuda" da Troica, a dívida portuguesa subiu num ano de 117 mil para 190 mil milhões de euros!

 (2) Face ao aflitivo desabafo da Rainha Isabel I: “vire-me para onde me virar só vejo pobres por todo o lado” foi decretada em 1601 a “Lei dos Pobres” em Inglaterra (Poor Relief Act). Regulamentando o auxílio aos necessitados, os juízes de comarca passaram a ter o poder de lançar o imposto de caridade, pago por todos os donos de terras e além disso tinham o poder de nomear inspectores em cada paróquia com o objectivo de arrecadar e distribuir o montante que era obrigatório acumular pela lei. Esta lei é considerada a primeira na implementação do que havia de se tornar na Assistência Social. (wikipedia)
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3 comentários:

Diogo disse...

Abençoada Troika!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Olha o Diogo! O outro anti-semita famoso da blogosfera portuguesa!