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quinta-feira, agosto 30, 2012

um exemplo de trafulha perfeito

Paulo Portas furioso com escalada de preços dos combustiveis! 
(Gravado em 20 de Julho de 2007)

quarta-feira, agosto 29, 2012

as eleições em Angola não têm nada a ver com eleições


A crise geral em que entrou o sistema capitalista a partir dos anos 70 foi o início de uma contra ofensiva do Ocidente, cujo objectivo era voltar a transformar as sociedades do Terceiro Mundo em economias compradoras e submeter o seu desenvolvimento ulterior à lógica da reorganização do capital transnacionalizado. Quem se submeter pode tirar partido temporariamente da criação de uma bolha económica da qual beneficiam as burguesias locais; os que recusem a submissão ver-se-ão na condição de relegados para um recém-descoberto Quarto Mundo e alvo de tentativas de destruição (Cuba, Vietname, Indonésia, República Democrática da Coreia, Jugoslávia, Iraque, Afeganistão, Libia, Síria, Irão, etc.). Esta ofensiva, que constitui a dimensão principal da estratégia do capital dominante na crise permanente, aproveita com êxito a vulnerabilidade das tentativas de cristalização do Estado Nacional na periferia do sistema e é ilustrada em dois domínios: a dominação do sistema financeiro global e a criação de endividamento pela emissão de dólares. Neste quadro, consoante os recursos a colocar em território de caça imperialista, são atribuidas funções diversas desempenhadas por diferentes periferias e a respectiva especialização primária – por exemplo, o petróleo e outros recursos naturais angolanos, a lingua portuguesa como factor de intermediação na exploração de uma economia dependente.

Na pretensão de escapar a estes factores de dominio, as lutas encabeçadas pelos movimentos de libertação nacional colocam as mesmas questões que a independência, isto é, a construção e a prossecução da via para o Socialismo, porque as duas vertentes não são de natureza diferente da que conduziu às revoluções socialistas. Uns e outros são respostas ao desafio da expansão capitalista - a expressão da rejeição da condição periférica que esta implica. Nestas circunstâncias a burguesia local encontra-se com frequência no campo do compromisso precoce com o Imperialismo. E por isso, os movimentos de independência nacional, dado que ficaram sob a direcção da burguesia (neste caso os gestores dos meios de produção estrangeiros), não realizaram ainda o seu objectivo, pelo contrário, buscam subservientemente apenas o ajustamento da sociedade local às exigências do modo de acumulação mundializado. Por isso as revoluções nacionais populares continuam na ordem do dia – ou seja – abrir uma via à superação do capitalismo que avance em direcção ao socialismo universal. 

O Estado periférico é um Estado débil, devido à aliança entre o Capital dominante global e as Oligarquias locais; Passem as mentiras. Nesta situação, independentemente da escolha entre dois bandos corruptos que gerem ambos a alienação do Poder e a ilusão dos seus objectivos, o acesso à democratização burguesa ao estilo clássico ocidental está-lhe praticamente vedado - e por isso a existência da sociedade civil está necessariamente limitada.


terça-feira, agosto 28, 2012

Não há festa como esta (?)

“...Estes senhores não compreendem como um povo pode explorar outro. Nem sequer compreendem como uma classe explora outra” (Karl Marx)

Gramsci ao propor a conhecida exposição sobre o intelectual orgânico, supunha que cada classe importante na História, quer fosse dominante (a burguesia no capitalismo) ou pudesse aspirar a sê-lo (a classe operária), produzia por si mesma colectivamente a sua ideologia e a sua cultura, as suas formas de organização e as suas práticas. O intelectual orgânico é o catalisador desta produção à qual ele dá a expressão adequada para que a ideologia da classe que representa se possa erigir em ideologia dominante na sociedade.

Gramsci supunha, por outro lado, que a classe operária dos centros capitalistas era revolucionária, e com base nesta hipótese, reflectia sobre as condições de surgimento do intelectual orgânico da revolução socialista (ou Partido da vanguarda). Se se pensar que a hipótese de Gramsci é errónea, e que a classe operária dos centros capitalistas também aceita as regras fundamentais do jogo imposto pelo Sistema, deve-se então deduzir que as classes trabalhadoras não são aqui capazes de produzir o seu intelectual orgânico socialista. Produzem, claro, quadros que organizam as suas lutas, mas trata-se de quadros que renunciaram a pensar em termos do projecto alternativo da sociedade sem classes. Nestas sociedades existem individuos que continuam apegados à visão daquela, mas o Marxismo ocidental é um marxismo de camarilhas e de universidade, sem impacto social.

A situação nas periferias é completamente diferente. Aqui as classes populares nada têm de esperar do desenvolvimento capitalista tal como ele é para elas. São potencialmente anticapitalistas. Contudo a sua situação (em paises não industrializados de burguesias “compradoras”) não corresponde à do proletariado como o concebe o marxismo clássico, pois trata-se de um conglomerado heterogéneo de vítimas do capitalismo extremamente golpeadas de maneiras diversas. Estas classes não estão em posição de elaborar por si mesmas, sozinhas, um projecto de sociedade sem classes. São capazes – e provam-no constantemente – de rebelar-se, e de maneira mais geral, de resistir. Nestas condições, fica aberto um espaço histórico para que se constitua a força social capaz de cumprir esta função objectivamente necessária e possivel: a do catalisador que formule o projecto social alternativo ao capitalismo, organize as classes populares e dirija a sua acção contra o capitalismo. Esta força é precisamente a intelectualidade que se define pelo seu anticapitalismo; a sua abertura à dimensão universal da cultura da nossa época e, por este meio, é capaz de situar-se neste mundo, de analisar as suas contradições, de compreender quais são os seus elos fracos; a sua capacidade simultanea de manter-se em comunhão viva e estreita com as classes populares e trabalhadoras e de compartilhar a sua cultura

(Samir Amin, O Eurocentrismo, Crítica de uma Ideologia, 1999)
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segunda-feira, agosto 27, 2012

O dia do nascimento do IV Reich

Disseram-nos depois da Guerra
que os Nazis se tinham sumido sem deixar rasto
Mas batalhões de Fascistas
continuam a sonhar com uma raça de Iluminados

Os livros de História dizem-nos
da sua estrondosa derrota em 1945
Mas todos eles voltaram ao trabalho
 no dia em que o Nazismo morreu

Disseram-nos que o prisioneiro de Spandau
era um simbolo da derrota
enquanto Hess permanecia encarcerado
e os Fascistas eram derrotados

Assim a promessa de um mundo Ariano
nunca mais se poderia materializar;
Então, porque raio teriam todos voltado ao trabalho
no dia em que o Nazismo morreu?

O mundo está repleto de larvas
e as larvas continuam a engordar
cozinhando um saboroso alimento
de todos os Chefes e Burocratas

Tomaram de assalto os escritórios de gestão
estão gordas e cheias de orgulho
e todas elas voltaram para o trabalho
no dia em que o Nazismo morreu

Então, se encontrares algum desses historiadores
Digo-vos aquilo que há para lhes dizer:
Digam-lhe que os Nazis de facto
em boa verdade nunca se foram embora

Sairam para fora de casas em chamas
declamando mentiras racistas
e nunca voltaremos a estar descansados
até ao dia em que cada Nazi morra

sábado, agosto 25, 2012

¿O que é que Cavaco e os Governos sob sua jurisdição andam desde 2006 a fazer a quem trabalha?

- Queda generalizada nos vencimentos. Hoje os patrões contratam muitissimo mais barato, com os cortes nas remunerações, nos subsidios de desemprego e com as novas benesses concedidas pelo desmantelamento do Código Laboral
- Consentir impunidade nas indemnizações por despedimentos ilegais e nos pagamentos de salários em atraso em situações de lay-off
– Diminuir para valores irrisórios os pagamentos através do Fundo de Garantia Salarial aplicável a empresas insolventes. O recurso a este fundo cresceu 34% no último ano.
– Corte nos subsidios de férias e natal dos funcionários públicos, lucrando o governo com esta medida 1065 milhões de euros, apesar de o Tribunal Constitucional a ter declarado ilegal, contudo aplicável no ano de 2012
– Corte nos feriados, nas remunerações por horas extra e nos periodos de descanso compensatórios.

O Banco de Portugal calculou que os portugueses em geral perderam 107 euros de salário liquido nos últimos dois anos. Cada trabalhador por conta de outrém perdeu em média 30 euros mensais de poder de compra.


(Cálculos do economista Eugénio Rosa, feitos com base nos números do Instituto Nacional de Estatística (INE)
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quinta-feira, agosto 23, 2012

noticias da caixa das notícias

o Governo não governa. Os consultores dos interesses instalados sim!, Relvivem e à grande. Desta vez é um dos conselheiros para as privatizações (que é como quem diz a Goldman Sachs e o FMI) que vem dizer que tudo o que ainda tenha um insustentável odor a cultura é para acabar (a RTP2). Os outros canais e a rádio são para privatizar, duplicando o espaço para publicidade

Diz-se no Expresso (mas não se ouve na SIC) que "dificilmente qualquer um dos dois maiores partidos terá condições para voltar a governar sózinho". Não esquecer de tornar fácil o "dificilmente", nem sózinhos nem acompanhados, se fazem o favor...


“Era para ser um maravilhoso apoio à caminhada dos homens para a sua libertação de pragas diversas. Das ignorâncias. Dos equívocos. Das seculares imposturas.Das induzidas analgesias. Das multidisciplinares toxinas. Era para ser mas não foi. Porque entre ela, a televisão, e as gentes de que haveria de ser instrumento de alguma libertação se interpôs o poder dos que, nos quatro cantos do mundo, precisam de aumentar os seus tronos nas ignorâncias, nos equívocos, nas imposturas, nas diversificadas toxinas, nos sonos. E assim a televisão, que ao surgir parecia ter muito de uma espécie de fada amiga vinda para combater monstros, cada vez mais assumiu a a efectiva função de aliada deles

Constituiçao da Repúbica Portuguesa: 
"Artigo 38.º Liberdade de imprensa e meios de comunicação social 5. O Estado assegura a existência e o funcionamento de um serviço público de rádio e de televisão."

terça-feira, agosto 21, 2012

para fazer valer a negociata da Barragem do Tua...



Três dias depois de se comprometer com a UNESCO a abrandar as obras da barragem do Tua e a aguardar pelo relatório dos peritos que a visitaram, o Governo aprovou uma portaria que entrega mais de 33 milhões à EDP como incentivo à construção da barragem. O Comité do Património Mundial da UNESCO já foi avisado que está a ser enganado e as associações dizem que o regime de incentivos é "um escândalo pior que as Scut". É mais um assalto ao dinheiro dos contribuintes a favor de uma empresa monopolista que nos explora à sombra do Estado, mais um desastre ambiental e outro atentado ao património.

segunda-feira, agosto 20, 2012

Portas, submarinos ao fundo

as 2 Máfias concorrentes instaladas pelo Bloco Central no aparelho de Estado movem-se de modo que a sua ordem ideológica não seja objecto de nenhuma impugnação possivel


Os documentos relativos aos contratos de um negócio do Estado Português no valor de 880 milhões de euros andaram desaparecidos pela mão do ex-ministro da Defesa Paulo Portas. Afinal, após diversas diligências que incluiram o Forte de São Julião da Barra onde o actual ministro dos Negócios Estrangeiros chegou a residir, o Ministério Público (MP) foi descobrir os contratos num escritório de advogados. É isto o Estado que temos hoje: um território de caça para os interesses privados (1)
Desde 2004, da era do governo Barroso-Portas, seis anos depois do início das investigações (2) só agora foi possivel ao MP ter uma luzes sobre como o Estado Português tenciona cumprir os termos contratuais e respectivo financiamento pelos quais foram adquiridos dois submarinos ao German Submarine Consortium (GSC).


Divida do Estado é filha da corrupção

(1) Sabe-se agora que Portas concordou em pagar mais 30 milhões que o valor dos contratos. A troco de quê?
(2) A investigação começou há seis anos (em 2006) quando nas escutas envolvendo Paulo Portas no âmbito do Caso Portucale, se levantaram suspeitas sobre o negócio dos submarinos. Face aos escândalo dos documentos desaparecidos Portas interrompeu as férias para uma acção de campanha relacionada com as próximas eleições regionais nos Açores. Mas para falar sobre os submarinos disse aos jornalistas que estava de férias. Sobre o assunto, o actual ministro da Defesa, Aguiar Branco, diz que não tem de falar com Paulo Portas. O incumprimento por parte das autoridades da Alemanha sobre as cartas rogatórias enviadas pelo DCIAP que haveriam de facilitar dados sobre este caso de corrupção, tem atrasado o inquérito durante meses. Culminando o processo, o Procurador Geral da República afirma não ter verbas para desenvolver perícias que desbloqueiem a investigação. Apesar de haver gente condenada na Alemanha por corrupção neste processo, sabe-se como tudo isto acaba: num acordo judicial em que as partes pagam uma pequena multa ao Estado e saem ilibadas para outras acções do mesmo tipo.

Cronologia

30 de Janeiro de 1998
Resolução do Conselho de Ministros nº14 aprova o Programa Relativo à Aquisição dos Submarinos (PRAS). Inicia-se a fase pré-contratual
24 de Setembro de 1999
Despacho do ministro da Defesa Jaime Gama. Foram seleccionados para a fase de negociações os franceses da DCN-1 e os alemães do GSC.
23 de Novembro de 2000
Após as negociações com o Estado português, que terminaram a 7 de Novembro de 2000, DCN-1 e GSC apresentaram as suas propostas.
5 de Maio de 2003
Resolução do Conselho de Ministros nº67 aprova alteraçõés no PRAS, depois de o Governo PSD/CDS ter efectuado um estudo “exaustivo”.
6 de Novembro de 2003
Conselho de Ministros aprova adjudicação da construção de dois submarinos ao GSC, com base na proposta do ministro da Defesa Paulo Portas
21 de Abril de 2004
Contrato de aquisição dos submarinos é assinado por Paulo Portas e representantes do GSC. O contrato de contrapartidas é também assinado.
1 de Outubro de 2009
Ministério Público acusa dez gestores de burla qualificada e falsificação de documentos no caso das contrapartidas.
30 de Março de 2010
A “Der Spiegel” revela que o cônsul honorário de Portugal em Munique terá recebido luvas no valor de 1,6 milhões de euros.
31 de Dezembro de 2010
Governo de José Sócrates paga submarinos ao consórcio alemão com a ajuda do Fundo de Pensões da PT transferido para o Estado.
17 de Setembro de 2012
Início previsto do julgamento do processo das contrapartidas dos submarinos deverá ter inicio em Lisboa. Apesar dos indicios, do envolvimento do ex-ministro/actual ministro neste processo fraudulento e da constituição de Paulo Portas como arguido não há noticias da justiça .
Justiça poupou Portas porque foram três ministros do CDS a fotocopiar
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domingo, agosto 19, 2012

"Conas de Sabão"
(escultura de José Palhinha, sabão 6x15x12cm, na Galeria do TMA)


as Pussy Riot apanharam dois anos de cadeia... por terem afrontado (na forma punk-rock exibida numa igreja) um culto religioso fulcral para a alienação, manipulação e submissão psicológica dos povos. Tramóaim os norte americanos que tal sentença desencadeará a fúria de todas as mulheres da Rússia e arredores do culto ortodoxo. O Ocidente em peso indignou-se com a repressão do governo de Putin; e de Sir Paul MCartney, Madonna a Julian Assange pede-se o fim da caça às bruxas e a libertação das Pussy-Riots. Imaginem se o nosso partido promovesse uma acção de protesto contra a vigarice da dívida ilegítima e fosse ocupar a Sé de Braga entoando a Internacional? Ao contrário, ninguém pareceu incomodar-se quando o partido conservador grego de Antonis Samaras foi empossado dando um espectáculo indigno precisamente numa Igreja: “com a ajuda de Deus, vamos assegurar que o povo grego pode emergir desta crise” rezou ele, jurando obediência ao bispos entronizados. Então, pergunta-se aos agentes da “liberdade de esquerda” (em cujas contas não entram estes factores)… que é feito do Syriza e do estado pré-insurrecional na Grécia?


Pussy” é uma palavra usada na língua inglesa mais como sinónimo de “gato”, compare-se com “pussycat”, para os amantes compulsivos de gatos. Em francês o termo é “Pucelle”, referido a jovens garotas adolescentes ainda virgens – procedente de “puce” (pulga) referindo-se igualmente a gatas (chatte). A malandrice que liga as “Pussy” à genitália feminina, designando vulva ou vagina, é oriunda do século XVII quando o termo passou a ser atribuído às mulheres em geral. Das estórias oriundas das crenças medievais acreditava-se que “os gatos”, animais demoníacos, eram responsáveis pela aparição das jovens donzelas prenhas. Havia imensos rituais e matanças exorcistas de gatos por esse motivo, isto é, porque comiam todas as ratinhas que encontravam. Daí a associação do calão “rata” para designar igualmente a vulva, ou seja, comida própria para gatos. Mais recentemente, as jovens que se deixavam emprenhar e faziam cara de parvas perante a falsa ingenuidade passaram a ser conhecidas por “conas de sabão”. Traduzindo para o russo, pode-se imaginar que “Pussy-Riots” significa literalmente “distúrbios da Ratas” libertárias
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sábado, agosto 18, 2012

em busca do Pinóquio perdido

A verdade acaba sempre por vir ao de cima” (José Sócrates, em 27 de Julho de 2010, dia em que foi conhecido o desfecho da investigação que o livrou de ir a julgamento)

A lei exige fundadas suspeitas, para alguém ser arguido” (Cândida Almeida, delfim jurídica do PS no cargo de directora do DCIAP, sobre o facto de Sócrates ter ficado fora do processo, em 13 de Julho de 2010)


“229 mil euros é o valor dos levantamentos em numerário feitos nas contas de Carlos Smith que os juízes consideraram suspeitos (Julgamento no Tribunal do Barreiro, 2012, sobre factos ocorridos mais de 10 anos antes)

200 mil euros é o valor aproximado, afirmou Alan Perkins em Tribunal, que Smith disse ter pago a Sócrates” (idem)

A sentença do caso Freeport foi a esperada – absolvição dos dois arguidos da prática do crime de extorsão contra os promotores do Centro Comercial aprovado ilegalmente – depois do Ministério Público ter pedido a absolvição de Manuel Pedro e Charles Smith, mas a extracção de uma certidão com vista à investigação de indícios que José Sócrates recebeu dinheiro para autorizar o empreendimento, relança a suspeita sobre o então ministro do Ambiente (dos jornais, 2012)

As duas partes do Bloco Central encobrem-se uma à outra
O comentário de José Augusto Moreira, no jornal Público” limpa a questão e, perante a impunidade face aos executivos do bloco central, põe a corrupção a zeros:

“A decisão estava há muito anunciada, mas há sempre aquela réstea de expectativa que alimenta o suspense até ao desfecho final. E o guião acabou por não defraudar. A acusação era inconsequente, os personagens desqualificados e o cenário erróneo, mas há, afinal, um suspeito que é preciso continuar a investigar: chama-se Pinóquio e apresenta-se como o grande quebra-cabeças para a justiça portuguesa. Para os menos atentos (ou fartos da novela) há que dizer que é mesmo assim. Pinóquio foi o personagem mais citado durante as audiências no Tribunal do Barreiro e foi com base nesses depoimentos que os juízes entenderam que há que prosseguir as investigações. Foi ele que terá solicitado o pagamento de luvas para a aprovação do projecto Freeport e era ele o suposto destinatário das verbas. Todos o sabem, mas ninguém o viu. Ou melhor, ninguém o consegue identificar. É assim que Ministério Público, investigadores e juízes se mostram enredados em torno de um caso que remete para o imaginário da ficção e dos personagens carnavalescos. É a caricatura real. Uma justiça cuja atitude se assemelha à dos canídeos que freneticamente se agita em círculos no meio da praça tentando apanhar com a boca a própria cauda. Perseguem-na, está ali mesmo na frente do nariz, mas todos vêm que nunca vão conseguir apanhá-la.

É dos manuais que a justiça, para se cumprir tem de ser célere. Só decidindo em tempo razoável, afasando ou comprovando indícios, se consegue punir os prevaricadores, alcançando também outro dos seus objectivos centrais, que é o da prevenção. É a credibilidade, o respeito e a segurança dos cidadãos perante o sistema, ou o descrédito e a desconfiança, que acabam por estar em jogo. E nem se exige que todos os culpados sejam sempre punidos. Basta que haja a segurança de que são culpados todos os punidos e que o são num prazo razoável. Ora, é precisamente esse horizonte de segurança e razoabilidade que neste caso foi há muito desperdiçado. E nem será preciso lembrar os “impulsos” de natureza politica que o caso teve, tanto na sua génese como na evolução subsequente. O que por si só seria já suficiente para arrastar a justiça para terreno impróprio. Foi também a “zaragata” que gerou nas estruturas superiores do Ministério Público com a questão das perguntas que ficaram por fazer ao ex-primeiro ministro, ou as evidentes interferências mediáticas. É por tudo isto que para a opinião pública o cenário é já de ficção e o melhor seria mesmo acabar com o filme. Mesmo que o Pinóquio nunca se encontre”

sexta-feira, agosto 17, 2012

o Cinismo Neocon

Mais do mesmo. Aproveitem as férias, enquanto o Governo congemina e anuncia novas medidas de austeridade: mais 200 milhões de cortes na Saúde, aumento dos combustíveis e da energia, impostos extraordinários, enfim, a especulação que se transferiu para as commodities dos bens essenciais da alimentação conduz à subida de preços do pão… e tudo isto ao incomportável aumento do custo de vida, isto é, ao clima de hiperinflação generalizada anunciada desde 2006 pela cunhagem e emissão de moeda falsa disseminada pelos bancos para tapar os activos tóxicos norte-americanos.


Acabada de anunciar, um tipo qualquer diz na rádio que “não se vê nenhuma estratégia nas acções deste Governo

Cavaco Silva, chefe-do-estado-maior dos cínicos neocons, sabe muito em que o subserviente Banco Central Europeu (BCE) está interdito pelas suas disposições estatuárias de emitir dinheiro para emprestar (“ajudar” a juros) as economias nacionais. O BCE só pode emprestar dinheiro aos bancos comerciais, desde que avalizados pelos Estados – e é esta a garantia que permite aos especuladores (os “Mercados”) persistir no negócio. Ao contrário, a Reserva Federal (e por joint-venture imperialista o Banco de Inglaterra) podem emitir moeda e emprestá-la directamente ao Estado, para financiamento quanto baste da construção das suas acções de dominação global. É ao serviço desta politica que Cavaco trabalha, enquanto mente descaradamente a todos os portugueses e promove e assina de cruz todas as medidas que lhes são prejudiciais.
o cínico

quinta-feira, agosto 16, 2012

O fiasco do cerco ao fundador da Wikileaks

o pequeno Equador salva Assange da extradição através da concessão de asilo politico. Entretanto há dois meses que 40 policias cercam a embaixada e ameaçam deitar as garras a Assange se puser um pé na rua... Esta operação policial custa no mínimo 50.000 Libras por cada dia que passa. Julian Assange pode enfrentar a pena de morte se vier a ser recambiado para a Suécia e depois extraditado para os Estados Unidos. (Daily Mail)


Cronologia do caso, que há quem diga foi trazido até nós pela CIA - Sexo, Mentiras, Irão, Israel e... Wikileaks

 7 de Junho de 2010
O soldado norte americano Bradley Manning é acusado de entregar ficheiros governamentais à Wikileaks
25 de Julho de 2010
Mais de 90.000 documentos, a maior parte deles relatórios militares acerca da guerra no Afeganistão, são colocados online.
20 de Agosto de 2010
A Suécia emite um mandato de captura contra Assange após duas mulheres afirmarem que foram raptadas e sexualmente assaltadas após uma conferência ali realizada por Assange
31 de Agosto de 2010
Questionado pela policia sueca Assange nega todas as acusações.
27 de Setembro de 2010
Assange regressa à Grã-Bretanha. O caso que entretanto tinha sido arquivado é reaberto.
23 de Outubro de 2010
A Wilileaks liberta outros 400.000 documentos classificados de relatórios militares descrevendo a guerra no Iraque entre 2004 e 2009.
20 de Novembro de 2010
A Suécia emite um mandato de prisão contra Julian Assange
8 de Dezembro de 2010
Assange entrega-se à policia britânica e recusa ajudas, apesar de receber de imediato um apoio de 20.000 libras do realizador Ken Loach, do jornalista John Pilger e outros simpatizantes
11 de Dezembro de 2010
Os Estados Unidos ameaçam produzir acusações de espionagem contra Assange
16 de Dezembro de 2010
Assange garante ajudas monetárias de apoiantes de cerca de 250.000 libras
24 de Fevereiro de 2011
Tribunal determina que Assange seja extraditado para a Suécia
2 de Novembro de 2011
Assange dirige recurso da decisão para tribunal de instância superior
30 de maio de 2012
Recurso de Assange é indeferido pelo Supremo Tribunal
19 de Junho de 2012
Assange entra na embaixada do Equador e pede asilo politico
15 de Agosto de 2012
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Equador declara que a Grã-Bretanha ameaçou entrar na embaixada, dando a entender que a protecção diplomática poderia ser revogada.
16 de Agosto de 2010
o Equador garante o pedido de asilo politico a Julian Assange

quarta-feira, agosto 15, 2012

a Síria e os grupos terroristas USA-GB-NATO introduzidos no território a partir do exterior

1. "Os observadores da ONU preparam as bagagens para deixar a Síria após o anúncio do Conselho de Segurança de acabar com a missão, devido à manutenção dos combates entre insurgentes e Exército, o que também provoca o medo de uma propagação do conflito para o Líbano" (AFP)

2. a SIC Noticias difunde um video supostamente oriundo da Síria mostrando um pai com uma filha ferida ao colo, sobre cujas imagens o enviado especial para a contra-informação Paulo Nuno dos Santos sobrepõe uma suposta tradução das palavras: "vejam bem o que o Assad nos está a fazer"

3. Em resposta ao sequestro do lider nacional Hassan Al-Salim Miqdad na capital Damasco por estrangeiros apoiados por grupos armados o lider libanês da tribo Al-Miqdad anunciou que lançou uma campanha de contra-captura, do que chamou de rebeldes do "Exército Livre da Síria no Líbano" - quem paga a esta gente para cometer crimes a titulo tão gratuito? pergunta um dos entrevistados... (PressTV)

segunda-feira, agosto 13, 2012

o Medo

Aqueles que prescindem da liberdade a fim de obter segurança não têm, nem merece ter, qualquer uma delas. Ninguém pode dar-lhe liberdade. Ninguém pode dar-lhe a igualdade ou a justiça ou qualquer outra coisa. O homem é livre no momento em que ele o deseje ser.

Eduardo Galeano

sábado, agosto 11, 2012

a Dignidade não é Sustentável?

“Ficámos a saber há dias que Miguel Pais do Amaral, (aliás, Miguel Maria de Sá Pais do Amaral, 2.º Conde de Alferrarede),

presidente da Media Capital, dona da TVI, é a pessoa que ocupa mais lugares em conselhos de administração de empresas portuguesas: Pais do Amaral administra nada menos de 73 empresas (segundo dados da CMVM relativos ao final de 2010), e isto sem contar as empresas estrangeiras onde ocupa os mesmos cargos, nomeadamente em Angola e no Brasil. Se se incluirem também estas, Pais do Amaral terá assento em mais de cem conselhos de administração, sem considerar quaisquer outras funções e actividades. Que uma pessoa não consegue gerir cem empresas ao mesmo tempo, dedicando a cada uma delas a atenção que as regras prudenciais recomendam, é evidente. Mas porque se inclui num conselho de administração alguém que, manifestamente, não terá tempo para levar a cabo esse trabalho? É possivel que, nalguns casos, Pais do Amaral apenas esteja a servir de jarra (o que se pode considerar uma função em si), mas penso que noutros casos a sua inclusão nem sequer tem esse objectivo. Trata-se, antes de mais, de uma questão de estatuto: Pais do Amaral pertence à categoria dos administradores, faça o que fizer ou mesmo que não faça nada, como outros pertencem à categoria de desempregados ou dos “quinhentteuristas”, ainda que se sejam brilhantes, criativos, trabalhadores e doutorados. É isso que quer dizer uma sociedade de castas e é nisso que a sociedade portuguesa se está a transformar a passos largos, regressando à estratificação típica do Estado Novo”
(José Vitor Malheiros, no Público) 
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sexta-feira, agosto 10, 2012

as ligações do Presidente da República Portuguesa com Traficantes de Armas

a Parvalorem é uma empresa pública criada para gerir as participações do Estado nas empresas que prestam serviços públicos. Pensaria qualquer incauto que tal supõe a defesa dos ditos serviços. Mas na fraude do BPN perpretada pela camarilha de Cavaco Silva, a Parvalorem serviu para receber “os activos inexistentes” que existiam nos livros de contabilidade do banco. Como se vê, transferir a “propriedade” de uma vigarice, pondo de acordo as máfias económico-financeiras do PSD-PS-CDS, para os contribuintes serem obrigados a pagá-la, é coisa de gente que teve um lapso de desonestidade mas que continua séria na mesma.


4 anos passados 4 – o leilão realizado em Madrid para vender a ínfima parte dos 30% que se diz restar das propriedades que são activos tóxicos detidos pela Parvalorem ficou deserto – e o Estado, (diz o jornal Público de 8 de Agosto), “enfrenta dificuldades para recuperar os créditos do BPN”. Como seria de calcular os gangs que se dedicam ao ramo de defraudar os bens públicos, depois dos golpes desaparecem por uns tempos. No caso, o libanês Abdul Rahman El-Assir, amigo pessoal do Rei de Espanha, de José Maria Aznnar e do ex-conselheiro se Estado Dias Loureiro, que costumavam caçar juntos nos tempos áureos do esquema de Ponzi, é procurado pelo tráfico de armas e nem sequer pode entrar em território europeu. A sorte do Cavaco é que não gosta de caça e não está metido neste atoleiro. Esta parte do golpe, só nas garantias prestadas por El-Assir ao BPN atinge os 2,8 mil milhões de euros (no total de uma fraude ao Estado português que ultrapassa os 9 mil milhões, mas que, fora do território de caça, Cavaco Silva promulgou como lei na generalidade).

 Realmente, quem conhece a pequena gatunagem de bairro não pode deixar de sorrir ao escrever estas linhas, cujo filão parece inesgotável: as “garantias” prestadas ao BPN por El-Assir por sua vez provinham de créditos que este teria a receber como pagamento de luvas em negócios de tráfico de armas com o Estado português. Pobre “Dilinger” que morreste na miséria...
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quinta-feira, agosto 09, 2012

Cavaco e a avaliação da subserviência aos credores externos

há semanas atrás o Expresso escrevia em subtitulo: "Cavaco acredita que a Troika vai premiar o bom desempenho" do gang de burlões que neste momento gere o país

Passado uns dias chegou o recado do FMI: mais cortes nos serviços públicos e mais austeridade:

quarta-feira, agosto 08, 2012

Cavaco, Draghi, Louçã...

Já vai prolongado este namoro entre esse movimento/bloco chefiado pelo inefável Louçã e Cavaco Silva. É público, é notório e os “noivos” já nem se dão ao trabalho de esconder as juras eternas de fidelidade que um ao outro fizeram.


Começou quando, com cândida alegria, Louçã referiu Cavaco como o seu novel aliado contra a “iniquidade” do confisco ilegal do subsídio de férias e de natal dos trabalhadores da função pública (decretado pelo governo PSD/CDS, promulgado pelo presidente da república e caucionado pelo Tribunal Constitucional).

Revelou-se, ainda, no contentamento revelado por Louçã por ter o indigente de Belém de acordo com a sua tese quanto à necessidade de se “reestruturar” ou “renegociar” a dívida. E, por fim, mas não certamente o último, expressa-se agora na alegria com que Pedro Filipe Soares – uma vez mais ele -, deputado do BE e querubim de serviço a este namoro, vem considerar que a posição de Cavaco, apesar de tardia, está em conformidade com o que o outro par do casal sempre defendeu, isto é, que o Banco Central Europeu (BCE) devia intervir, de forma mais efectiva, na “ajuda” aos países em dificuldade, adquirindo “dívida nacional”, mormente a Portugal.


Fazendo referência a uma intervenção de Mario Draghi, presidente do BCE, produzida há algumas semanas, e em que ele defendia a remota hipótese de instituição à qual preside, com o fito de “salvar o euro a todo o custo”, poder vir a adquirir dívida a vários países da “zona euro”, aliviando, assim, as suas necessidades financeiras – leia-se, salvando a banca da bancarrota, pois tal operação seria realizada entre o BCE e os bancos comerciais de cada país -, Cavaco e Louçã demonstraram, uma vez mais, quão sólida é a sua união.

Unidos em fazer valer as “promessas” do quadro da Goldman Sachs,e escamoteando que a “ajuda” de que este fala, agora que foi arvorado a presidente de um banco que só é central pelo facto de ser o centro operacional do imperialismo germânico, é a de fazer com que o marco, travestido de euro, cumpra as funções que para a “moeda única” foram desenhadas. Que são as de servir de instrumento de dominação da Alemanha sobre os restantes países europeus, sobretudo sobre aqueles que consideram ser os “elos mais fracos” da cadeia capitalista na Europa.

terça-feira, agosto 07, 2012

Cisco e Skye no Purgatório

No princípio era a mitologia de Adão e Eva no Paraíso. “Adam” é o termo em aramaico para “aquele que é feito de barro”. Olhem, que perfeição de corpos: ela esbelta e esguia, ele com este corpo atlético, os músculos perfilados... São necessariamente estereótipos alemães. Muito tempo depois ali chegaram os semitas ditos israelitas e disseram que antes da costela Eva ter sido extraída, existiu uma tal Lilith. No final (do grego ómega) um casal norte americano – Cisco e Skye – esperam dramaticamente em cuecas pelo fim do mundo, anunciado como espectáculo em simultâneo por todas as televisões do mundo, numa remake da hecatombe anunciada pelo calendário Maia, apocalíptico quanto baste pelo santinho João dos evangelhos. O filme (4.44 Último Dia na Terra) de Abel Ferrara, nesta parábola sobre o fim da vida no planeta Terra, apresenta-nos um casal com um ar minimamente civilizado. É evidente o erotismo que se desprende de ambas as figuras... ela tão feminina... ele tão masculino... Sabem que em breve chegará a tentação... o Amor, a salvação do Mundo. Só podem ser franceses; mas, a serenidade dos seus rostos, a delicadeza da pose, a sobriedade do gesto. Só podem ser ingleses of course. Enfim, europeus de qualquer modo. Mas não nos iludamos. A idiossincrasia tramposa dos seres feitos de barro é a mesma de sempre. Amén.

("Adão e Eva", óleo sobre tela, 420x300)

Depois do fim, chegou o Passos Coelho - que nos seus idos de estagitário na Jota tinha visto o quadro original em Madrid no Prado: "Reparem bem: não têm roupa, não têm sapatos, não têm casa, só têm uma triste maçã para comer... não protestam e ainda pensam que estão no Paraíso. Não tenham a menor dúvida, são portugueses!"
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segunda-feira, agosto 06, 2012

Acompanhamento da Ajuda Financeira Externa feito por gente ligada à área de negócios do que é "ajudado"

"já sabíamos que o Parlamento português está repleto de organismos inúteis (o dos deputados que fazem o acompanhamento do PAFP nem tanto). Mas proclamar, de forma explícita, que esta Comissão (aparentemente) não serve para nada, é um pouco demais" (Paulo Morais)

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domingo, agosto 05, 2012

Não leu Marx, Engels e Lenine?

Então leia, se quer aprender algo que sirva quem trabalha...


Alguém defendia que, face à presente crise e ao desbragado ataque da classe dominante, a burguesia, aos trabalhadores e ao povo português, para os fazer pagar uma dívida que não contraíram, nem dela retiraram qualquer benefício, e porque nunca tinha lido Marx, Engels e Lenine, tinha optado por estar ao lado da esquerda... Toda! Apesar de acreditarmos nas suas boas intenções, o que quem tal afirmação produz não compreende é que tal é uma impossibilidade, porque a esquerda não é uma entidade híbrida e, muito menos, difusa. Esta ideia eivada de romantismo da ampla unidade da esquerda não se compagina com a realidade do motor da história que é a LUTA DE CLASSES!

Muitos dos que se afirmam de esquerda, alinham, no entanto, à primeira contrariedade, ao primeiro sinal de repressão ou quando sentem que, afinal, esta é uma luta que pode ser dura e prolongada, que se desconhece quando será o seu desfecho, e se ele será favorável aos trabalhadores e ao povo, pela pactuação, pela conciliação com a burguesia - a direita - em nome de um pressuposto oportunista e derrotista de que, se não podes vencer o teu inimigo contenta-te com as migalhas que ele estiver disposto a dispensar-te!
Os inúmeros compagnons de route que a história documenta, começam assim: aceitam uns pactos, cedem nalguns princípios e, quando nos damos conta, já se passaram, com armas e bagagens, para o campo daqueles que ontem clamavam ser o inimigo (Luis Júdice, no Luta Popular)
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sábado, agosto 04, 2012

Aristóteles e o Crédito

Aristóteles tentou restabelecer a harmonia entre a Lei e a Natureza. Para ele, a natureza seguia uma ordem racional. A lei natural era comum a todos os individuos, baseando-se na razão universal partilhada por todos os homens (apenas os aristocratas de Atenas, excluindo naturalmente os escravos e os estrangeiros). Do mesmo modo, Aristóteles fala de uma justiça natural que constitui a forma mais elevada de Virtude. A par da lei natural, que, devido à sua natureza universal, seria demasiadamente genérica, existiriam leis humanas positivas (por oposição ao direito natural) para regularem a organização social. Assim, Aristóteles condenava a Usura por a considerar incompativel com a verdadeira natureza do dinheiro (cuja designação tem origem no termo árabe “denaro”).


Para a filosofia árabe com raizes em Aristóteles, o dinheiro é apenas uma convenção, cuja principal finalidade é facilitar as trocas e que – admitia-se então – pode também ser utilizado como um repositório de valores. Esta linha de pensamento leva à distinção entre “coisas naturais” (obra de direito divino) e “coisas convencionais” (fontes de pecado dos homens). Apenas as primeiras se podem reproduzir. As últimas não têm existência real, para além da que lhes é acordada pelos homens. Como o dinheiro é uma convenção, não se pode reproduzir por si.

Além disso, de todas as ocupações sociais, a do Prestamista é a mais baixa, pois tenta extrair proveito do dinheiro, que é naturalmente estéril e não tem quaisquer propriedades ou usos para além de servir como medida comum para a troca de bens. Na opinião de Aristóteles, é perfeitamente aceitável detestar os empréstimos a Juros. Devido a estes empréstimos, o dinheiro torna-se, ele próprio, produtivo, e é assim desviado da sua função principal, que consiste em medir e facilitar a troca. Além disso, o juro multiplica o dinheiro – daí o termo “prole” ou “descendência” que recebeu em grego. Tal como as crianças possuem uma natureza idêntica à dos pais, assim o juro, sendo de natureza semelhante à do dinheiro, é a ascendência do dinheiro, uma ideia completamente contranatura e, portanto, a ser combatida a todo o custo. De todos os meios de adquirir riqueza, este é o que está em maior contradição com a natureza. Nascida desta análise, encontramos a famosa citação da Idade Média de que “o dinheiro não gera dinheiro”. Este argumento foi muitas vezes utilizado em apoio de condenações de empréstimos a juros.

Aristóteles, que (por via dos Árabes) lançou as bases do conhecimento científico ocidental em tantos domínios, apenas apresenta juizos de valor no que toca à economia, particularmente na sua análise das taxas de juro. Dava pouco valor ao comércio, considerava o trabalho a soldo degradante e atribuia lugar de honra à agricultura (a reprodução natural dos alimentos). A sua doutrina económica era marcada por um preconceito social a favor da Nobreza, para a qual as únicas ocupações honrosas seriam a do guerreiro (o que conquista novas terras) e a do latifundiário (que mantém as terras a produzir). As outras ocupações, tais como a de comerciante e trabalhadores braçais, deveriam ser reservadas aos escravos e aos metecos (estrangeiros assimilados). A sua condenação da usura é primeiro e principalmente baseada na aversão pelo prestamista usurário.

(adaptado de “História do Crédito ao Consumo”, edit. Principia, 2000, de "Aristotle and the Arabs: The Aristotelian Tradition in Islam", 1968; e de "Repensando a ideia da “Europa Cristã)
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sexta-feira, agosto 03, 2012

os “democratas” é que não são parvos...

Atrás de grupos terroristas armados introduzidos na Síria pelas potências ocidentais capitalistas de mercado, a RTP fez-se representar por um “enviado especial” para relatar a “guerra civil”. O agente apropriado para estes fretes costuma ser o judeu Cymerman – tipo experiente e optimamente remunerado pela competência treinada em não se desbroncar em contradições. Por razões obvias, neste caso não podia ser este; e assim, o homem (Carlos Pinota) lá foi acabando por concluir o relato com um “não existe nada de especial na vida quotidiana de Damasco, eu próprio cheguei à porta do palácio presidencial sem que tivesse sido interceptado por qualquer agente ou força de segurança.


Por contraste com a “ditadura” bahasista que manda na soberania Síria, na “democracia” portuguesa são necessárias 2 dúzias de polícias e ruas fechadas ao comum dos mortais para proteger o títere máximo da Nato em Portugal e o tipo que chegou a primeiro ministro tendo no curriculo a experiência equivalente ao colar de cartazes da JSD e a benção-empresária do truta Angêlo Correia. Face à guerra civil social instalada em Portugal, estes tipos, para andar a passear à beira-mar nos seus tempos livres, não se sentem seguros. Sujeitos ao estigma popular de personas aldrabis encartadas, vêem que se lhes acabou o tempo em que circulavam por aí livremente a excrementar mentiras, encobrindo as fraudes das tribos instaladas à sombra do aparelho de Estado. Levem ao Cavaco que ele assina tudo. Agora escondem-se, como ratos dentro dos esgotos furados da banca privada. Este ano, até a famigerada “festa do Pontal” vai ser realizada dentro de portas de um hotel de quatro estrelas

quinta-feira, agosto 02, 2012

Gore Vidal (1925-2012)

Para quem não acredita que existem bruxas, ou que não é o Pentágono que decide e manda na politica nos EUA, fica a citação mais famosa de Eugene Luther Gore Vidal - (porque seria que nunca ganhou o prémio Nobel?) - “Devíamos parar com o palavreado de que somos a maior democracia do mundo, quando nem sequer somos uma democracia. Somos uma espécie de república militarizada” (ler: “Guerra Perpétua para Paz Perpétua”, 2002

                                                             Gore Vidal e John F.Kennedy

Foi um norte americano tranquilo, culto e traquinas, o que é uma raridade; dos poucos que pensava ser possível fazer valer posições imperialistas sem as relacionar com instrumentalização politica,corrupção, ignorância e agressão. Não compreendendo, ou deliberadamente branqueando a natureza de centro multinacional de captação do melhor que existe em intelligentsia no mundo, Vidal dizia da “sua gente”: aqui nos Estados Unidos “cinquenta por cento das pessoas não votam, e cinquenta por cento não lêem jornais. Espero bem que sejam as mesmas cinquenta por cento.” Familiar próximo de Jackie Kennedy tornou-se amigo pessoal de John Fitzgerald Kennedy, relacionamento do qual disse na época: “é sempre um assunto delicado… quando um amigo ou pessoas que nos são próximas chegam à presidência” (tinha mantido igualmente relações de amizade próxima com Eleanor Roosevelt e com a princesa Margarida de Inglaterra, descritas nas suas memórias “Palimpsesto” e na sequela "Ponto de Navegação (2006). Polemista mediático nos seus tempos áureos (“Nunca perco a possibilidade de fazer sexo e de aparecer na TV”, dizia) Vidal, depois do assassinato de Kennedy desencantou-se com a sua “América” (“Quanto mais dinheiro acumula um americano, menos interessante se torna”) e exilou-se durante décadas em Itália, na paradisíaca vila de Ravello na Costa Amalfitana.

na varanda da casa de Ravello

É aqui que escreve a obra pela qual merece ficar literariamente imortalizado – a Criação (1981). História romanceada ou romance histórico, é um épico protagonizado pelo diplomata da Pérsia Aqueménida que viveu no século V antes da nossa Era, Ciro Spitama neto de Zoroastro que viajou incessantemente para conhecer o mundo, comparando as crenças religiosas e os sistemas políticos das várias nações do seu tempo. No decurso da sua vida Ciro conhece muitas figuras influentes filosoficamente, incluindo o seu avô (fundador do Zoroastrismo), Sócrates, Buda, Mahavira, Lao Tsu e Confúcio. Na prática, a obra é um monumental e ambicioso fresco em que se comparam dramaticamente os sistemas políticos e religiosos de então com os que vigoram nos nossos sistemas contemporâneos. “O grande diabo que nunca é mencionado na nossa cultura é o Monoteismo. Do texto supostamente inventado na bárbara Idade do Bronze, conhecido como “antigo testamento” evoluíram três religiões – cristianismo, judaísmo e islamismo. Todas as três são religiões que situam Deus no Céu. São literalmente patriarcais – Deus é o Pai Omnipotente – o que tem sido muito útil para aterrorizar as mulheres por 2000 anos naqueles países que são dominados pelo Deus do Céu e pelos seus Delegados, todos machos terráqueos. O deus-no-Céu é naturalmente um deus invejoso (pela relação entre causa e efeito, “a inveja é (também) um factor central da vida americana”). Ele (Deus) requer total obediência para toda a gente na Terra, na medida em que ele está à frente não apenas de uma tribo, mas de todos os gentios de sua criação. Todos aqueles que o rejeitam devem ser convertidos ou mortos para o seu próprio bem. Como corolário último, o Totalitarismo é a única forma politica que pode servir verdadeiramente os propósitos do deus-do-Céu – Levando os crentes a acreditar na existência do bem no Céu, mas espalhando e assistindo impávida e serenamente à desgraça apocalíptica na Terra, Deus” de facto é um chantagista.


Vidal pensava assim as religiões, mas escreveu o argumento repleto de milagres pró-sionistas do épico hollywoodesco Ben-Hur. Culminando com filosofias bem mais comerciais a bem da manutenção da villa italiana e outras dispendiosas famas,, Gore Vidal apareceu num dos episódios dos Simpsons – no qual Lisa, com um livro em punho (“estes são os nossos únicos amigos”) declama: “Cresçam seus Nerds, como fez Gore Vidal – ele já beijou mais rapazes do que eu alguma vez beijarei em toda a minha vida” – “raparigas, Lisa, raparigas” corrigiu erradamente a mãe Marge Simpson
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quarta-feira, agosto 01, 2012

do espírito empreendedor judaico de Pessoa e das pedras fascistas no nosso caminho


"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes
mas não esqueço de que a minha vida
é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver,
apesar de todos os desafios, incompreensões e periodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas
e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si,
mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Fernando Pessoa, “a Felicidade Exige Valentia!

Algumas notas aos excelentissimos respigadores da pessoana Arca sem fundo.
1. o Individuo como autor da sua própria história é uma falácia – o Homem é um animal que não sobrevive fora da Sociedade. Quem faz e determina a História é a Sociedade e as estruturas que determinam a inclusão (ou a exclusão) social. 2. ser Feliz é ter segurança de Vida, proporcionada pelo direito ao Trabalho e pela posse dos Bens Comuns que asseguram os direitos do Homem. 3. a Alma é uma abstração, nada funciona exteriormente à Matéria. 4. Deus é um ente mitológico e como tal na Vida aquém-túmulo não temos de agradecer-lhe qualquer “Milagre”. 5. Se um tipo depois de morto sempre fica no Purgatório, como os devedores na Idade Média, é algo que ainda permanece por provar. 6. grandes Castelos foram construidos por grandes Senhores, que não passam hoje de ruínas... 7. Esotéricos a armar ao poeta? valentia de grandes Pedradas em mentes sugestionáveis.

“Lembrem-se, para o poder ilimitado da mente, o Individuo é um ser cósmico. Quem morreu na cruz não foi um representante de deus, mas o próprio Deus. Rezem a deus mas fujam das Pedras" (David Linch)
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