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quarta-feira, maio 29, 2013

a Origem dos Coffee-Shops


Uma ilustração francesa publicada em 1693 mostra um árabe a
 beber café a partir de uma tigela e umibrik” para preparação 
do café, bem como um galho de uma árvore de café,
 grãos e um 'instrumento cilindrico de torrefacção de café"
o Café, uma planta nativa da Etiópia, provavelmente já era bebido muito antes do tempo da existência de registos escritos dele, tanto como uma bebida à maneira do chá feita a partir da casca do grão de café (al-qahwa al-qishriya) ou como café, fabricado a partir dos próprios grãos, (chamado al-qahwa al-bunniya). Os grãos eram de forma frequente também simplesmente mastigados. Mas o cronista do século XVI al-Jaziri diz que o café foi usado pela primeira vez no Yemen, vindo da Etiópia através do Mar Vermelho, para permitir que os crentes se pudessem manter alerta durante as orações nocturnas. Certamente este uso não era menos importante para os trabalhadores comuns, tanto quanto é hoje, e a sua utilização com essa finalidade difundiu-se através de toda a Península Arábica. Conforme o seu uso se espalhou, houve muita discussão sobre se a nova bebida deveria ou não, em termos religiosos, ser permitida, considerando "que alterava a mente", e se o seu consumo seria bom ou ruim para a saúde. Os movimentos a sério para proibir a bebida começaram em Meca em 1511 e permaneceram por séculos. Em resposta, dois médicos estudiosos de religião utilizaram a caneta e o papel em defesa do café. Embora a literatura gerada por esses debates pouco diga sobre os lugares onde o café era bebido, deixa claro a partir dessa e de outras fontes que os locais de consumo de café eram numerosos desde tempos primitivos. Curiosamente, muitos dos argumentos apresentados na Arábia tanto sobre café como sobre as casas de café haveriam de ser repetidos quase palavra por palavra no Ocidente um século mais tarde, prosseguindo aliás o debate médico sobre o uso do café globalmente na actualidade.


Talvez uma das razões para a rápida disseminação das lojas de café, além de simplesmente do gosto pelo café, é que a preparação do café é um pouco complicada, já que os grãos precisam de ser torrados e moídos. As lojas de café ofereciam o produto pronto feito por mão experiente.Escrevendo em 1530, Ibn 'Abd al-Ghaffar anotou que até ao início da década de 1500, havia muitos cafés nas cidades, especialmente perto da Grande Mesquita em Meca e da Mesquita Central de al-Azhar, no Cairo. Esta é uma menção directa precoce das casas de café, apesar de decisões jurídicas anteriores condicionarem a sua existência. Cinquenta anos mais tarde, al-Jaziri no opúsculo “A Melhor Defesa para a Legitimidade do Café” menciona, como se fosse algo incomum, que o povo de Medina preferia beber o seu café em casa. O autor refere o modo como, tendo o consumo do café sido espalhado rapidamente a partir do Yemen, foi primeiro bebido em público por académicos (fuqaha) ou simples professores e alunos, logo seguidos por um grande número de pessoas. Menciona também que, apesar das taças de terracota serem o padrão, no porto do Mar Vermelho de Jiddah os bebedores de café usavam porcelana da China.



Infelizmente, o cronista não descreve as lojas de café e os seus proprietários, embora nós possamos deduzir dos seus relatos que um desses cafés em Makkah era gerido por uma mulher que foi condenada a fechar, decisão da qual a mulher apelou alegando pobreza. A justiça decidiu-se então pela suspensão da execução, desde que a proprietária passasse a usar o véu por estar num local público, decisão a que ela obedeceu. Da ausência de reclamações contra lojas de café em razão do excesso de luxo ou extravagância torna-se seguro inferir que, com toda a probabilidade, esses cafés iniciais eram de um tipo simples ainda hoje encontrados por todo o Médio Oriente. Como beber café se espalhou a partir do Hijaz na Península Arábica ocidental até ao norte da Síria. Isso entretanto mudou. Uma casa de café fina tornou-se um elemento importante do planeamento urbano para os governadores que queriam enfatizar a sua riqueza e poder. Cada quarteirão da cidade (mahallah) passou a ter pelo menos um café, e eles eram uma componente-chave à medida que o novo mercado foi sendo construído. No Cairo, no século XVII, está registado que uma casa de café era o primeiro edifício a ser concluído em qualquer dos novos empreendimentos habitacionais de luxo ao longo do Nilo.


As casas de café tornaram-se populares em Inglaterra por volta de 1650. Este estabelecimento em Londres foi retratado por um artista anónimo

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