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quinta-feira, abril 09, 2015

Vladimir Putin ofereceu a Tsipras a distribuição de gás russo à União Europeia

Todas as luminárias comentadoras da "Europa" se têm desdobrado em "análises" de teor punitivo em relação à Rússia e à Grécia, como se a "União Europeia" fosse qualquer coisa determinada por seres acima dos interesses dos homens. (1) Mas, se não notaram, há uma revolução em termos de economia geoestratégica que irá alterar substancialmente a vida dos cidadãos europeus. Bruxelas diz que todos os países europeus têm de sofrer por igual os efeitos das sanções russas e que nenhum país pode ter vantagens sobre os outros. A resposta de Tsipras não demorou: "a Grécia é um país soberano e pode, por isso, estabelecer as relações económicas e políticas com quem entender" (2).
"Um dos pontos mais importantes das conversações entre os dois líderes foi o gás. Putin anunciou que ofereceu à Grécia a possibilidade de se conectar ao novo gasoduto russo-turco e transformar-se, assim, num dos principais distribuidores de gás russo na União Europeia. Outra farpa para Bruxelas, que anda há anos a tentar o tudo por tudo para não haver alternativas ao gasoduto que atravessa a Ucrânia e que dá a Kiev o privilégio de ser o fornecedor de gás russo à Europa. Moscovo tentou contornar a situação com um gasoduto que atravessaria a Bulgária, mas Bruxelas pressionou tanto os governos de Sófia que Moscovo desistiu do projecto. Voltou-se então para a Turquia e, no final do ano passado, fez um acordo histórico com Erdogan. O novo gasoduto vem pelo mar Negro até território turco e daí sairá para a Europa. O acordo é por 30 anos e Ancara pode ter o gás natural de que precisa com um desconto considerável. O que Putin oferece agora à Grécia é não só a possibilidade de ter gás mais barato, como de tornar um país essencial para a União Europeia em matéria de energia. É evidente que Bruxelas só pode reagir mal a este acordo, não só porque ele coloca a Ucrânia fora do circuito, como permite a Atenas receber gás em melhores condições do que os restantes clientes europeus do gás russo (...) O nervoso aumentou e de que maneira em Bruxelas e em Washington. Os porta-vozes da Comissão Europeia fartaram-se de enviar recados para a capital russa sobre a Ucrânia, as sanções impostas à Rússia e as contra-sanções impostas pela Rússia à União Europeia em matéria de importação de produtos agrícolas e, sobretudo, em matéria de energia"

Algo que os nossos "meios de informação" comprados pela politica do directório da UE também não focam é a Russia considerar "entregar antecipadamente à Grécia fundos financeiros baseados nos lucros futuros que Atenas ganhará por servir de plataforma de abastecimento de gás à Europa". (fonte: Turkish Stream will make Greece Europe’s energy hub- Putin)

(1) FMI lucrou 2,5 mil milhões de euros com os empréstimos à Grécia desde 2010
(2)Mas, pelas contas da ONG britânica Jubilee Debt Campaign divulgadas esta quarta-feira, se a Grécia pagar todos os empréstimos e juros dos empréstimos da Troika ao FMI, a instituição vai lucrar mais 4300 milhões nos próximos nove anos.

Jorge Bateira: "A recuperação da soberania sobre a moeda é uma libertação. Temos de perder o medo que nos tolhe e ter a ousadia dos islandeses. Quase tudo o que nos dizem sobre desgraças com a saída do euro é falso. Há inúmeros economistas de alto nível que têm estes assuntos estudados, sendo um deles Jacques Sapir (...) "Os gregos podem simplesmente extinguir o Banco da Grécia ao fim da tarde de uma sexta-feira e criar um novo banco central pronto a trabalhar na segunda-feira de manhã. Não há qualquer tribunal europeu que possa exigir um pagamento a um Banco da Grécia que já não existe. Esta é a melhor forma de protegerem o povo grego, mas não vai ser bonito para o BCE", disse um ex-quadro do BCE ao jornalista do Telegraph sobre os compromissos da Grécia para o pagamento da dívida criada a partir dos investidores estrangeiros.

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